Brother Gunner

Logo na orelha do livro o leitor já é advertido do coquetel molotov que está prestes a explodir; nele ele irá descobrir como Steven Adler conheceu Slash aos 13 anos de idade, tentou entrar na Marinha, dos abusos sexuais que sofreu aos 14 anos, como salvou Nikki Sixx de uma overdose, transou com a irmã de Tommy Lee, participou de uma orgia regida por Steven Tyler e de outra por Nick Sixx, e de sua expulsão do Guns N’ Roses.

Os chamativos (e impactantes) tópicos acima, são apenas os canapés de entrada da jornada de conquistas épicas e tragédias gregas que permeiam a vida do primeiro baterista gunner, muito bem relatadas em sua autobiografia lançada no Brasil em 2015 pela editora Edições Ideal: Meu Apetite Por Destruição-Sexo, Drogas e Guns N’ Roses.

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O Impressionante Exorcismo de Casagrande

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Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, setembro de 2007. Em um apartamento o DVD do The Doors está no talo, e o lendário Jim Morrison canta fortemente os impactantes versos: “This Is The End, my only friend, the end. Of our elaborate plans, the end. Of everything that stands, the end.” (Este é o fim, meu único amigo, o fim. De nossos planos elaborados, o fim. De tudo que está de pé, o fim.).

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Memórias de uma geleia derretida

Eu Sou Ozzy

“Diziam que eu nunca escreveria este livro. Bom, que se fodam- porque aqui está ele. Tudo que preciso é me lembrar de algo… Droga, não consigo me lembrar de nada. Oh, só dessas coisas…”

É com essa honestidade e ironia, com que um dos maiores ícones da história do rock e da música, Ozzy Osbourne, abre sua autobiografia, onde reúne lembranças do que sobrou das memórias de sua geleia derretida (termo usado para referir ao seu cérebro), que mesmo apresentando “falhas no sistema”, consegue trazer um revelador panorama de como conseguiu ser uma figura tão amada durante várias gerações, apesar de ter feito cagadas catastróficas.

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Escolha a vida

Choose Life

Escolha a vida. Escolha um emprego. Escolha uma carreira. Escolha uma família. Escolha uma televisão enorme. Escolha máquinas de lavar, carros, CD players e abridores de latas elétricos. Escolha saúde, colesterol baixo e seguro dentário. Escolha uma hipoteca a juros fixos. Escolha sua primeira casa. Escolha seus amigos. Escolha roupas esportes e malas combinando. Escolha um terno entre uma variedade de tecidos. Escolha fazer concertos em casa e pensar na vida domingo de manhã. Escolha sentar-se no sofá vendo games shows chatos na TV comendo porcaria. Escolha apodrecer no final, numa casa miserável, tornando-se uma total vergonha para os filhos egoístas que pôs no mundo para substituí-lo. Escolha seu futuro. Escolha sua vida.  Eu escolhi não escolher uma vida, eu escolhi outra coisa. E a razão? Não há razões. Quem precisa de motivos quando se tem heroína?

Com esse discurso rasgado e impactante, narrado em off por Ewan McGregor, que somos apresentados a um dos grandes clássicos cult dos anos 90, responsável por catapultar não só a carreira do ator, como também a do diretor Danny Boyle: Trainspotting.
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Decadence Avec Elegance

Telefilme de 97 retrata a trajetória de glória e destruição de uma das maiores top models da história.

Telefilme de 97 retrata a trajetória de glória e destruição de uma das maiores top models da história.

Há mulheres que nos fazem perder a cabeça, ficar encantados apenas com um simples sorriso, um gesto que nos tira, literalmente, o fôlego, que nos ganha com um simples olhar e que, com sua presença, nos faz esquecer por um momento todos os nossos problemas e despertam nossos instintos mais sacanas. Dentro deste universo temos os mais variados tipos: bonitas, lindas, musas, deusas e a que reúne tudo isso e muito mais e agrega um novo padrão de beleza que somente ela pode alcançar: Angelina Jolie!

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Resgatando um herói

Filme de 2008 fez com que carreira de Van Damme tomasse um novo fôlego e desse uma nova esperança para seus fãs.

Não há nada pior para um fã de carteirinha de filmes de ação do que ver um de seus grandes heróis ter uma decaída tão profunda publicamente e ir para um poço que parece não ter fundo, com chances mínimas de sair de lá.

Esta era a triste cena e sina que os fãs do astro Jean Claude Van Damme conviviam há pouco tempo atrás. Sinônimo de grandes filmes e sucesso absoluto de bilheterias e locadoras, Van Damme fez história no cinema no fim da década de 80 e anos 90, com os filmes “O grande dragão branco” (1988), “Kickboxer – O desafio do dragão” (1989), “Garantia de morte” (1990), “Soldado Universal” (1992), “O Alvo” (1993), “Timecop: O guardião do tempo” (1994), “Morte Súbita” (1995), dentre outros sucessos, e também alguns erros como “Street Fighter: A Batalha Final” (1994).

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Quando você envelhece, seu coração morre

Clássico de John Huges traz um retrato fiel da juventude como ela é. Sem caricaturas e clichês.

Certa vez ao ir à locadora a mãe do dono, e que também o auxilia na administração do local, me disse uma frase muito interessante sobre os filmes de comédia com temática adolescente que os definem muito bem: “Os filmes de comédia são a melhor forma para se conhecer a juventude de uma época, porque ele mostra seus comportamentos, ideias, modas e como era seu ambiente.”

Há um filme que se encaixa perfeitamente nesse perfil, porém, que extrapolou as barreiras do tempo, para se tornar um dos mais cultuados da história e ser o retrato definitivo da adolescência: Clube Dos Cinco.

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O retrato de uma turbulência

Filme icônico de 1995 retrata a crise vivida por jovem viciado em drogas com uma realidade impressionante.

No post de hoje, minha intenção não é a de fazer mais uma propaganda de conscientização de prevenção contra o uso de drogas, coisa que nosso governo, ONG’S e programas popularescos de auditório, vivem discutindo e martelando em nossa cabeça, através de reportagens, documentários e anúncios; mesmo sendo contra o uso delas, não vou reforçar isso, até porque o filme que irei retratar aqui consegue cumprir esse papel, de uma forma tão espetacular, que sinceramente, acho que se uma pessoa tem a vontade de experimentar alguma droga e assistir Diário De Um Adolescente e não perder essa vontade, honestamente desisto desse mundo.

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Alter Ego Frustrado

Livro traz retrato autobiográfico às avessas de Tony Bellotto

“Pense no cu. Por que cu termina em u? Há um motivo. É a mesma coisa com as bucetas. O segredo está no u. U tem cheiro. U tem gosto. Até a palavra oficial do cu, ânus, tem lá seu u. Que beleza de palavra: ânus. Sente a sonoridade?”- Tony Bellotto, No Buraco.

Quando o parágrafo acima foi dito na entrevista que Tony Bellotto concedeu a Amaury Jr em seu programa, um exemplar vendido do livro No Buraco já estava garantido. O talento de Bellotto como guitarrista e compositor nos Titãs é incontestável, compôs o hino da banda: “Polícia” e colaborou em outras grandes canções do grupo: Pra Dizer Adeus, Flores, Televisão, Domingo, O Pulso, Lugar Nenhum, Armas Pra Lutar, Bom Gosto, Um Morto De Férias, etc. Agora minha curiosidade era ver se ele tinha o mesmo dom como escritor (mesmo sabendo que sua série policial Bellini é bem sucedida, o primeiro livro virou filme) e o recém lançado livro seria uma boa pedida.

A história narrada em primeira pessoa retrata a vida de Teo Zanquis, uma espécie de auter ego às avessas de Tony Bellotto, que foi um guitarrista de uma banda de rock brasileira dos anos 80, chamada Beat-Kamaiurá que obteve apenas um sucesso com seu disco Totem Rachado, o hit Trevas De Luz. Porém o sucesso logo passou e Téo agora leva uma vida miserável aos 50 anos, freqüentando sebos no centro de São Paulo, vivendo à custa dos direitos autorais de seu hit e com a ajuda de sua mãe que sofre Alzheimer, bebendo seus chopes, cheirando seu pó, morando numa quitinete  e vez ou outra dedilha alguma coisa em Isabel (nome que batizou sua guitarra, após receber uma punheta homérica de uma noviça do mesmo nome quando sua banda foi fazer um show no interior do Paraná).

O livro começa com o capítulo de nome sugestivo: A Questão Das Bocetas. Onde o personagem está com a cabeça enfiada num buraco na praia de Ipanema, conversando consigo mesmo e relembrando momentos do passado, que incluem desventuras com sua banda na estrada, transas inesperadas e picantes, vício em drogas, idas a programas de auditório, problemas enfrentados em alguns shows, viagem aos EUA  para encontrar o túmulo de seu ídolo Jimi Hendrix e relatos de seu cotidiano, que vai caminhando sem muitas ilusões.Porém há um sinal de esperança de que a vida de  Teo Zanquis ira melhorar quando ele entra no sebo Combat Records e conhece a jovem coreana e fã de rock Lien.

Seu relacionamento amoroso com Lien provoca uma grande reviravolta na história, que começa no segundo e último capítulo: O Segredo Do Cannoli. Um dia, a jovem deixa um envelope com um pen drive, que incrimina seu irmão Chang Ho (um hacker que cria um mega sistema de downloads ilegais na internet.) para que Zanquis o guarde para ela. Depois disso há perseguições de coreanos à sua pessoa para pegar o cannoli (modo que ele batizou o pen derive, em homenagem ao filme O Poderoso Chefão) e na busca pela sua amada que desapareceu após pedir o “favor”, quando ele vai à casa de Lien se depara com uma cena desagradável: O corpo de Chang Ho está todo ensangüentado no meio da sala, ele está morto! A partir deste momento o livro ganha um tom policial e um desfecho incrível e surpreendente.

O grande trunfo e a sacada do livro foi a idéia de Tony Bellotto fazer um retrato autobiográfico sendo o oposto da sua vida e carreira, o fato de narrar à história de maneira precisa, com um humor ácido, as descrições bem detalhadas das memórias sexuais do personagem, as referências pop que  fazem o leitor se sentir na pele de Teo Zanquis e o desfecho que traz o inesperado.

Para os fãs dos Titãs, de rock n´roll, literatura policial e de romance mais intenso, e que curtem ler um livro de uma “sentada só”, No Buraco é uma excelente dica literária e um livro de cabeceira essencial.