Havia um tempo, numa galáxia muito distante, onde as pessoas tratavam a música com o respeito que ela merece; nada de um barulhinho musical para se sortear aleatoriamente num celular ou Ipod, ou embalar exercícios de academia e baladinhas “top” entupidas de gente fútil e vazia.
Um single ou álbum eram ouvidos com a devida atenção, e um lançamento era aguardado com a ansiedade de quem espera tábuas com os novos mandamentos.
E se tinha uma cadeia de lojas de discos que simbolizava muito bem esse período musical mais romântico, era a Tower Records, rede norte-americana que chegou a faturar US$ 1 bilhão em vendas no ano de 1999, e quatro anos depois decretaria sua falência.
Para retratar o apogeu e queda das icônicas lojas de Russ Solomon, o filho do astro Tom Hanks, Colin Hanks, fez o documentário All Things Must Pass: A Ascenção e Queda da Tower Records.
Tendo começado sua trajetória dividindo espaço com remédios na farmácia do pai de Russ, a Tower Records só viria a ter uma loja para chamar de sua somente em 1960, no mesmo prédio onde ficava o Tower Theater.

O slogan clássico da Tower Records.
O ambiente descontraído e agradável de se trabalhar (que reza a lenda, gerou o roteiro de Empire Records), a variedade de discos, o atendimento simpático dos atendes, logo foi atraindo fãs de música ao espaço, e não era difícil esbarrar com figuras como Jimmy Page e Eric Clapton fazendo suas compras.
A loja foi ao longo dos anos se tornando uma rede extensa, com presença em países como: Reino Unido, Irlanda, Japão, Hong Kong, Taiwan, Cingapura, Coréia do Sul, Tailândia, Malásia, Filipinas, Israel, Emirados Árabes Unidos, Canadá, México, Colômbia, Equador e Argentina.
Porém, o período áureo das vendas físicas de vinis, fitas K7, e do CD, um dia teria seu fim; assim como as grandes gravadoras, a Tower Records não se atentou que era preciso abaixar o preço dos discos, e com o boom dos downloads que permitiram o acesso a milhares de álbuns e canções a um clique, a rede teve seu fim decretado no solo americano em 22 de dezembro de 2006.
Contando com imagens preciosas de arquivo, e com depoimentos de ex-funcionários, executivos de gravadoras, e astros como Elton John, Bruce Springsteen e Dave Grohl, o documentário não tem um momento de tédio, e toca a alma do verdadeiro amante de música, provocando uma sensação de tristeza quando chega ao fim o sonho de Solomon, e de esperança ao ver que seu legado vive fortemente no Japão, onde a Tower Records ainda opera com impressionantes 85 lojas!
No fim de All Things Must Pass, fica a sensação de que nunca um slogan de uma loja fez tanto sentido: No Music, No Life.
Ficha Técnica
Direção: Colin Hanks
Elenco: Russel Solomon, Dave Grohl, Bruce Springsteen, Elton John
Gênero: Documentário
Duração: 97 minutos
Ano: 2015
País: EUA/Japão