Quando o RPM anunciou sua quarta volta às atividades no início de 2011, embalados pela boa receptividade do programa Por Toda Minha Vida exibido pela Globo em novembro de 2010, parecia que as tretas do passado finalmente tinham ficado para trás, e o grupo finalmente entraria de novo nos eixos.
O lançamento de “Elektra” reforçaria ainda mais a solidez do retorno, e mesmo com o resultado final do disco ficando mediano, o sucesso de público da turnê dava mais fôlego ainda para seguirem em frente.
No encontro que tive com os quatro coiotes em junho de 2013 em Patrocínio-MG, quando conversei com eles fiquei mais animado ainda; além de terem sido simpáticos e solícitos com este humilde fã, demonstravam muita empolgação com o futuro DVD da turnê filmado na cidade de Santa Bárbara-MG, e um novo disco já era visto no horizonte.
Por problemas na captação do áudio, cujo resultado final não agradou aos músicos, o DVD filmado no interior mineiro nunca saiu da gaveta, e o sucessor de Elektra, que foi batizado de “Deus Ex-Machina” começava a ganhar ares de “Chinese Democracy verde amarelo”.
A escolha equivocada do cantor Lucas Silveira (ex-Fresno) para a produção, um acidente do tecladista Luiz Schiavon que o afastou durante boa parte do processo de gravação do disco, e a sonoridade mais “heavy” com letras de atmosfera mais densa, embaladas pelo momento crítico que o Brasil começava a entrar, acabaram não agradando os quatro, e dá-lhe mais um projeto abortado!
Entrando num processo de hibernação interrompido com um show aqui e acolá, sendo o último realizado em 2017 num cruzeiro, no início de maio uma bomba caiu sobre os fãs: mais um processo judicial estava rolando pelo direito de exploração da marca RPM: de um lado os remanescentes Luiz Schiavon (teclados), Fernando Deluqui (guitarra) e Paulo “P.A” Pagni (bateria), do outro o vocalista e baixista Paulo Ricardo.
Schiavon, Deluqui e P.A desejam retomar as atividades da banda, contudo pedem à justiça que Paulo Ricardo seja proibido de cantar os hits e fazer qualquer referência ao RPM.
O cume da rixa toda é um acordo que foi feito em 2007, onde os quatro membros se comprometeram a não explorar individualmente o nome da banda. Paulo Ricardo ficou incumbido de fazer o registro no Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), como propriedade dos quatro.
Mas o que se descobriu em 2017, quando o cantor avisou para os colegas que não iria mais seguir adiante com o grupo, foi que ele havia feito uma quebra do acordo.
Agora a troca de farpas nos tribunais tem acusações de PR, numa demonstração de ego infladíssimo, de que ele é responsável por 80% da obra musical, e que os demais membros foram “meros músicos adicionais”.
Olhando com mais calma, e passados quase um mês da notícia, infelizmente fica cada vez mais claro que o melhor destino para o RPM é um só: colocar um ponto final.
Por mais que haja muito talento e força de vontade nos três remanescentes em levar a banda adiante, a história mostra que o grupo só deu certo quando houve a soma dos quatro membros juntos; até o excelente disco de 93, que contava apenas com Paulo Ricardo e Fernando Deluqui, mostrou que o grupo só vinga de fato quando Luiz Schiavon e P.A também estão na jogada.
E olhando o atual cenário, é triste ver e constatar que Paulo Ricardo está cada vez mais sem voz nas apresentações ao vivo, e prefere ficar se prestando ao ridículo papel de bobo da corte de programa dominical global, do que fazer música.
Portanto não há mais clima e condições de que um novo capítulo seja escrito, o público já está cansado de tantas idas e vindas, brigas na justiça, e ver os retornos da banda motivados mais por questões pe$$oais do que de fato musicais; é melhor encerrar de vez e tentar preservar o legado do RPM, que tantas vezes foi ameaçado pelos próprios membros com tantas brigas, do que ver uma futura volta da formação clássica de maneira caricata e ridícula pela décima vez em 2030.