Tristemente Belo

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Um experiente piloto de avião sobrevoa o deserto do Saara, mas, uma inesperada falha mecânica na aeronave o força a fazer um pouso antes que o pior aconteça. A manobra é executada com sucesso, mas, mais uma preocupação vem à mente: a água e o mantimento são escassos, e o avião tem de ser consertado antes que a situação entre numa zona perigosamente mortal.

Nesse cenário caótico surge um pequeno garoto de cabelos dourados que pede ao sujeito para que lhe desenhe um carneiro. Intrigado de onde surgiu aquela criança, o homem cede aos insistentes pedidos e desenha o bicho, e numa série de diálogos vai descobrindo de onde vem e qual intenção daquele curioso pequeno príncipe.

Sendo escolhido por 230 a cada 10 candidatas a Miss, O Pequeno Príncipe, livro escrito pelo francês Antoine Saint-Exupéry e lançado em 1943, é um verdadeiro fenômeno literário; foi um dos livros mais traduzidos da história deste planeta, conseguindo uma legião de fãs que vai de Bora Bora a Tóquio.

Tamanha idolatria me fez sempre ter certa preguiça quanto a encarar uma leitura da aclamada obra infanto-juvenil que acabou acertando em cheio os adultos. Porém, com suas humildes 92 páginas (recheadas de lindas ilustrações) resolvi embarcar na pequena epopeia do principezinho cujo planeta mal cabia uma rosa, três vulcões (sendo um inativo), e pequenas flores e baobás que precisam ser removidos quando começam a crescer.

E com menos de 40 páginas já fui totalmente envolvido na trama, que graças a seu texto singelo, porém, belo, intenso e reflexivo, proporcionou uma viagem em várias sentidos!

A começar pela saga do pequeno príncipe antes de chegar a Terra, tendo parado em 6 planetas: o de um rei que se achava sem nem ter mesmo um reino para governar, um habitado por um sujeito extremamente vaidoso e que não tinha ouvido a não ser para bajulações, o de um bêbado que se afugentava de problemas e vergonhas daquilo que nem tinha com vários porres, um do chato empresário que se achava o senhor das estrelas e não tinha tempo a perder, o do burocrático acendedor e apagador de lampião que vivia no piloto automático, e por fim, o do geógrafo que conhecia várias paisagens sem ao menos ter visto elas de fato.

Com esse panorama de estereótipos que descrevem perfeitamente a essência de um adulto, a primeira constatação: Os adultos são estranhamente complicados.

Outra grata surpresa do livro, além dessa criativa crítica, é a subversão do papel da raposa nas fábulas infantis; se antes era o bicho que retratava a malandragem, aqui ela é um personagem super bacana, que ensina os valores de uma verdadeira amizade, sintetizando como ela é feita e seu imensurável valor com duas frases valiosas: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” e “O essencial é invisível aos nossos olhos”.

Seu desfecho, quando o inevitável adeus do piloto ao pequeno príncipe tem de ocorrer, é triste, porém, belo e poético, sem um pingo de pieguice e mensagem de autoajuda prontamente inócua.

O Pequeno Príncipe é um clássico imortal e atemporal da literatura recomendável a todos aqueles que queiram sentir e enxergar aquele clássico chavão de “quem lê viaja a mil lugares”, com um texto muito bem escrito que pode ser conferido integralmente em menos de 2h, e que a cada nova leitura irá proporcionar uma experiência melhor do que a anterior.

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