Uma dúvida que pairava em minha mente, e creio que na de alguns fãs, antes do show do Kiss começar era: “Será que a voz do Paul Stanley, comprometida pelos seus 63 anos, irá tirar o brilho do espetáculo?”.
Bastou a famosa locução “You Want The Best. You Got The Best. The Hottest Band In the World: KISS!” ecoar nos altos falantes, juntamente com uma abertura literalmente explosiva de “Detroit Rock City”, para que tal questionamento fosse pro espaço!
A sensação era de que todos os 35 mil presentes estavam vivenciado a cena final do filme de 99, tamanho era o impacto visual e sonoro.
É bem verdade que a voz da estrela deu uma sumida no mega clássico “Creatures Of Night”, mas, nada que comprometesse o show; ainda mais contando com a ajuda de seus excelentes companheiros Gene Simmons, Eric Singer e Tommy Thayer, e de um sonoro coral de fervorosos fãs.
“Psycho Circus”, hino colossal do álbum homônimo de 98 (último gravado com a formação original), deixou as coisas num patamar ainda mais acima do explicável. Puro delírio (e pulos)!
Na quarta canção do set list, Simmons comanda um verdadeiro exército de gladiadores com a sempre grandiosa “I Love It Loud”; a esta se segue mais um clássico de 83, “War Machine”, com direito a cusparada de fogo do linguarudo.
Faixa que encerra o monumental “Destroyer”, “Do You Love Me?” traz no telão uma retrospectiva do Kiss desde os tempos do “Wicked Lester” até os dias de hoje; na seleção das imagens, a banda relembra todas as fases e membros que contribuíram para sua história, mostrando respeito pela sua memória.
Diretamente de seu disco de estreia, “Deuce” aumenta ainda mais o arrebatamento da audiência, que canta e pula como se não houvesse amanhã, e vibra com a já tradicional “dança” de Stanley, Simmons e Thayer.
“Esta canção é do nosso mais recente disco, Monster, e daqui alguns anos será um clássico”. Tal definição proferida pela estrela solitária foi perfeita para definir a escolha de “Hell Or Hallelujah” no repertório.
Agora é a vez de Tommy Thayer brilhar fazendo seu solo com direito a tiros faiscantes. E dá-lhe mais hinos 70’s, desta vez com “Calling Dr. Love”, com destaque para os backing vocals.
Todo fã sabe que 83 foi um ano bem emblemático, para os brazucas pelos shows no Rio, BH e São Paulo, e pro mundo rock por ser o início da fase “unmasked”; dali viria o disco “Lick Up”, canção emblemática, que num show de encerramento de festival jamais poderia ficar de fora.
Chega o momento da tradicional cuspida de sangue de Gene, que alça seu voo para bradar “Good Of Thunder”. A sequencia viria com “Hide Your Heart”, mas a banda sabiamente a substitui por “Parasite”. Os fãs agradecem!
Para se aproximar ainda mais dos fãs, Paul Stanley encara uma tirolesa, e passa a alguns poucos metros da cabeça deste que vos escreve, para executar num palco da torre de som o teleguiado de 77 “Love Gun”.
Verdadeiro rolo compressor na bateria, Eric Singer também tem talento no gogó, e a maior evidência disso está no fato dele ser o incumbido de cantar “Black Dimond”, que encerra a primeira parte do show.
“Qual canção vocês querem ouvir?” indaga a banda, e a resposta vem com o presente divino “Shout It Ou Loud”, seguida do único nº 1 na parada norte-americana, e que na época despertou ódio dos mais puristas por ser uma canção disco: “I Was Made For Loving You”.
O hino “Rock N’ Roll All Nite” vem com um dos momentos de maior catarse da história interplanetária, com uma animação descomunal em meio a explosões, luzes, chuva infinita de papel picado, Gene e Tommy sobrevoando os fãs, Paul “quebrando” seu instrumento de trabalho, e mais explosões.
Só posso dizer uma coisa a respeito dessa experiência única: Se você é um amante das coisas boas da vida, e ainda não foi a um show do Kiss, sinto muito, mas ela está incompleta!
Ótima cobertura, Lucas, “showzaço”!!!
Só pela leitura do post já imaginei como foi a adrenalina!