Nem abacaxi. Nem Coca.

Sniper Americano

Se você pertence ao grupo que ao se deparar com Sniper Americano (EUA, 2014), já o inclui na lista negra de filmes “Não Quero Ver” por ser mais um filme para exaltar o patriotismo norte-americano que irá alienar milhões, ou até mesmo sob o argumento de “exaltar a violência”, sinto lhe informar que está perdendo a chance de ver um dos casos mais interessantes do Oscar 2015 e da grandiosa filmografia de Clint Eastwood.

É claro que o espírito “We’ve got to save America!” está embutido, mas, Clint consegue tirar um pouco dessa áurea, logo no começo quando Chris Kyle (Bradley Cooper) tem uma dramática decisão a tomar, quando é cortada direto para a infância do atirador de elite.

Aqui é interessante observar que há um “q” de western, ao mostrar o pequeno Chris no interior do Texas criado por seu pai rígido e católico fervoroso, que já deixa claro que o mundo se divide em “cordeiros, lobos e cães que protegem os cordeiros” e que o homem de verdade deve ser o último. Na tentativa de ser um cowboy vencedor de rodeios, e vendo a carreira dando com burros n’água, ele encontra seu caminho: defender a pátria sendo um dos SEALs.

Com um treinamento de deixar Capitão Nascimento orgulhoso, Kyle mostra ter pulso firme pra aguentar o tranco, e ainda conciliar o tempo para se dedicar a sua futura esposa Taya (Sienna Miller), que mal tem sua lua de mel e vê seu marido partir rumo ao Iraque.

Justamente no momento em que o filme começa a mostrar o nascimento da “lenda” que matou 255 pessoas (165 confirmadas), em paralelo aos seus retornos para casa, sendo um marido e pai ausente, completamente atordoado pelos dramas da guerra, é que começa os deslizes.

Sniper Americano cena

Primeiramente, a impressão que se tem é que o filme de pouco mais de duas horas, parece ter 300 minutos, e falta uma maior dramaticidade nos personagens que cercam Kyle, único personagem realmente bem desenvolvido. Isso sem contar a ótima oportunidade que mestre Clint tinha de exibir o outro lado da moeda, mostrando os dramas dos iraquianos, e questionando a veracidade de tal guerra.

Muitos críticos desceram a lenha na atuação do casal protagonista, opinião da qual este blogueiro aqui discorda, já que o maior pecado capital não só da trama, mas também da história do cinema, em nada tem haver com eles: o maldito BÊBE ROBÔ!

Caramba Clint Eastwood! Nem filme de comédia brasileira de quinta tem erro grotesco desse! Difícil de acreditar até agora que essa tragédia aconteceu. E nessa hora você deve estar pensando que temos um verdadeiro abacaxi.

Nada disso! Sniper Americano tem seus trunfos que merecem serem destacados: a começar pela excelente fotografia e a ótima direção de arte, seguidas de grandes cenas de ação (como a do tiroteio na tempestade de areia), e a grande sacada do flagrante de um X9 numa mesa de jantar.

A sensação que fica é de um pesar que justamente o filme mais “nem abacaxi, nem coca” de um dos maiores gênios do cinema, foi justamente seu maior êxito de público (em boa parte pela bilheteria USA), aonde a chance de se fazer mais um grande registro de guerra, ficou meio perdida no caminho.

Ficha Técnica

Direção: Clint Eastwood

Roteiro: Jason Dean Hall, baseado no livro American Sniper de Chris Kyle.

Elenco: Amie Farrell, Anthony Jennings, Assaf Cohen, Ben Reed, Billy Miller, Bradley Cooper, Brando Eaton, Brett Edwards, Brian Hallisay, Chance Kelly, Cory Hardrict, Darius Cottrell, Emerson Brooks, Eric Close, Eric Ladin, Erik Aude, Evan Gamble, Greg Duke, Jake McDorman, James Ryen, Jet Jurgensmeyer, Joel Lambert, Jonathan Kowalsky, Keir O’Donnell, Kyle Gallner, Leonard Roberts, Luke Grimes, Marnette Patterson, Max Charles, Mido Hamada, Navid Negahban, Owain Yeoman, Reynaldo Gallegos, Robert Clotworthy, Sam Jaeger, Sammy Sheik,Sienna Miller, Tim Griffin, Zack Duhame

Produção: Andrew Lazar, Bradley Cooper, Clint Eastwood, Peter Morgan, Robert Lorenz

Fotografia: Tom Stern

Montador: Gary Roach, Joel Cox

Ano: 2014

País: Estados Unidos

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