Da dor a consagração

Pearl Jam Twenty

A melhor definição para o processo embrionário sobre uma das melhores bandas de rock de todos os tempos veio não de um dos seus integrantes, mas, de um amigo muito próximo: “O Pearl Jam nasceu da junção da dor: primeiro da parte do Jeff e do Stone pela perda do Andrew Wood (vocalista do Mother Love Bone), e segundo pela da perda do pai do Eddie”, crava Chris Cornell.

Esse é só um de vários depoimentos históricos que compõem um dos melhores documentários musicais já feitos: Pearl Jam Twenty (EUA, 2011). Dirigido pelo grande cineasta e chapa da banda, Cameron Crowe (Singles, Quase Famosos, Jerry Maguire), o filme consegue documentar de uma forma ímpar e hipnotizante, uma trajetória marcada por muita superação, união, criatividade, atitude, e talento acima de tudo.

Contando com imagens de arquivos impressionantes, que são sabiamente entrecortadas com cenas da Seattle do fim dos anos 80 e início dos 90, e depoimentos da banda e de amigos que acompanharam seus então 20 anos, PJ 20 vai fundo ao trazer desde os primórdios até a consagração em shows monumentais para multidões de se perder de vista.

O filme começa no ano de 1989, quando Jeff Ament e Stone Gossard ainda eram do Mother Love Bone, uma das bandas de destaque do cenário underground de Seattle, e que tinha tudo para ir longe com seu carismático e ousado vocalista Andrew Wood.

Mas toda aquela inocência juvenil de conquistar o topo das paradas e ser um rock star de lotar arenas viria a ruir: infelizmente em março de 1990, Andrew perderia sua batalha contra o vício em drogas, e o Mother Love Bone chegava ao seu fim.

Mother Love Bone: Stone Gossard (guitarra base), Greg Gilmore (bateria), Bruce Fairweather (guitarra solo), Andrew  Wood (vocal) e Jeff Ament (baixo).

Mother Love Bone: Stone Gossard (guitarra base), Greg Gilmore (bateria), Bruce Fairweather (guitarra solo), Andrew Wood (vocal) e Jeff Ament (baixo).

Relutantes em recomeçar, Jeff e Stone depois de muito pensarem decidem começar uma nova banda, contando com Mike McCready na guitarra solo, e no vocal uma grata surpresa: um jovem tímido e surfista, de potência vocal impressionante, Eddie Vedder.

Ninguém ali poderia imaginar que a união com o cara que bradava sua história de perda do pai em “Alive” renderia outros hinos marcantes como “Jeremy”, Black”, “Even Flow”, “Oceans” e “Release”, resultando assim num dos discos mais brilhantes de todos os tempos, naquele ano mágico de 1991: Ten!

Um pouco antes do estouro do disco de estreia, a banda se juntou a Chris Cornell, que também viria a estourar com Soundgarden, para registrar o belíssimo tributo a Wood: Temple Of The Dog! Que gerou hits marcantes como “Hunger Strike” e “Say Hello To Heaven”.

Como já dizia tio Ben, com grandes poderes vem grandes responsabilidades, e aqui em overdose: clipes em altíssima rotação na MTV, músicas dominando as FM’s mundo afora, disco vendendo a rodo, capas de revistas, e demandas de shows cada vez mais grandiosos.

Rumo ao mega estrelato.

Rumo ao mega estrelato.

Aquilo era demais para Eddie Vedder e seus companheiros, e a banda começaria a se afastar da mídia mainstream; a partir de Vs. nada de clipes, entrevistas e muitas exposições. Mesmo assim, o disco de 92 conseguiu a façanha de vender 950.000 cópias em uma semana nos USA.

O caldo poderia ter engrossado mais quando peitaram sozinhos a Ticket Master pelos preços abusivos cobrados em seus shows, que afugentava seus jovens fãs.

Porém, com uma atitude como essa, somada a capacidade de se reinventar a cada disco sem perder sua identidade, o Pearl Jam foi galgando humildemente até chegar ao topo do monte olimpo dos deuses do rock n’ roll.

Seja para fãs ou curiosos afim de conhecer o trabalho da banda, PJ 20 é um prato cheíssimo, com direito a imagens de arquivos históricas, que vão desde Kurt Cobain falando da “rixa” com o Nirvana, além bastidores de clipes, shows, premiações, a impagável festa de lançamento de Singles, além de depoimentos dos membros da banda, amigos e fãs.

Até o rodízio de bateristas, que viria a parar com a entrada de Matt Cameron, é mostrada de uma forma criativa e cômica, com um “q” de Spinal Tap. Porém o documentário peca em não abordar um pouco mais discos chaves da banda, como Yield e o homônio de 2006. Mas nada que vá prejudicar a experiência incrível que é ver essa joia rara!

A banda na sua atual formação: Mike McGready (guitarra solo), Stone Gossard (guitarra base), Jeff Ament (baixo), Eddie Vedder (vocal) e Matt Cameron (bateria).

A banda na sua atual formação: Mike McCready (guitarra solo), Stone Gossard (guitarra base), Jeff Ament (baixo), Eddie Vedder (vocal) e Matt Cameron (bateria).

 

 

 

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