A oferta era realmente irrecusável, e nem era necessário um gângster apontar um revólver na cabeça para poder aceitá-la de forma “amigável”: assistir numa sessão corujão no sábado as cinco pra meia-noite, o clássico imortal O Poderoso Chefão na telona.
Numa ideia sensacional, a rede Cinemark resolveu prosseguir com suas sessões de grandes filmes da história do cinema, que na primeira leva tinha obras do calibre de Pulp Fiction, e dessa vez para abrir a segunda temporada nada melhor do que a saga de Don Vito Corleone, e a atuação descomunal do mito Marlon Brando.
E como é enorme a diferença de assisti-lo numa tela gigante, e poder perceber os detalhes de cena e sons que passam despercebidos numa sessão caseira, por melhor que o equipamento seja.
Coppola conseguiu aqui escrever seu nome na história e redefinir as regras da indústria cinematográfica, ao abordar uma história tão intrigante como a da máfia italiana num ritmo de ópera.
Ritmo que já pode ser sentido logo nos primeiros minutos, quando o diretor brilhantemente faz um contraste de alegria e clima ensolarado do casamento de Connie Corleone (Talia Shire, a futura Sra. Rocky Balboa), em paralelo com as “trocas de favores” entre os mafiosos no escritório fechado e escuro do padrinho.
Durante a animada festa temos a apresentação de membro a membro da família, com destaque para o então herói, educado e bom moço Michael, cuja atuação estupenda de Al Pacino dispensa maiores comentários.
A virada da trama acontece justamente na segunda parte, quando após um atentado a vida do patriarca italiano coloca em choque as máfias, e o até então quieto e afastado Michael tem de assumir as rédeas e fazer a sua vendetta por uma questão de honra.
Batismo de sangue
Mesmo com tantas falas, e cenas tão marcantes quanto a da cabeça do puro sangue de um magnata do cinema colocada a prêmio, a matança de Sonny, e a morte daqueles que tentaram apagar Don Vito, o fator primordial para que O Poderoso Chefão entrasse de fato para o imaginário de tantos cinéfilos das mais variadas gerações, está justamente no seu ato final.
Num verdadeiro batismo de sangue, a entrada de Michael no comando dos negócios se dá ao mesmo tempo do novo membro da família (que na verdade era nova, já que o bebê ali em questão era Sofia Coppola), aonde os assassinatos já vão construindo um novo panorama em torno de sua figura, cujo ponto culminante se dá ao fim quando começa a ganhar homenagens e fecha a porta para uma vida tranquila com sua amada Kay (Diane Keaton).
Se você leitor (a), tem ou tiver a oportunidade de conferir essa pedra preciosa no cinema, só digo uma coisa: vá e veja!
Ficha Técnica
Gênero: Drama
Direção: Francis Ford Coppola
Roteiro: Francis Ford Coppola, Mario Puzo
Elenco: Abe Vigoda, Al Lettieri, Al Martino, Al Pacino, Alex Rocco, Angelo Infanti, Ardell Sheridan, Corrado Gaipa,Diane Keaton, Franco Citti, Gianni Russo, James Caan, Jeannie Linero, John Cazale, John Marley, John Martino, Julie Gregg, Lenny Montana, Marlon Brando, Morgana King, Richard Bright, Richard Conte, Richard S. Castellano, Robert Duvall, Rudy Bond, Salvatore Corsitto, Saro Urzì, Simonetta Stefanelli, Sterling Hayden, Talia Shire, Tere Livrano, Tony Giorgio, Victor Rendina, Vito Scotti
Produção: Albert S. Ruddy
Fotografia: Gordon Willis
Trilha Sonora: Nino Rota
Duração: 175 min.
Ano: 1972
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estúdio: Alfran Productions / Paramount Pictures