Quando realizei a entrevista com Wilson Sideral para este blog, uma das coisas mais bacanas que ele respondeu foi sobre a questão da produção de um show de rock; mais especificadamente se um artista e banda que não investem numa boa produção, por acaso estariam “out” do jogo.
Sideral disse com toda certeza: não! E citou o exemplo de que certas bandas, com apenas uma luz e um pano de fundo, conseguem fazer um grande espetáculo apenas com seu som que, quando é de qualidade, não necessita de todo um aparato.
Na última terça-feira (13/5) tive uma prova viva disso, com a pesada e eletrizante performance do Mudhoney em Uberlândia, em uma noite que com certeza ficou na história da cidade e dos fãs e admiradores presentes.
A lendária banda de Seattle que influenciou grandes nomes do grunge como Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden, se antes para mim era apenas uma conhecida distante vista como percussora do último grande sub-gênero do rock, onde conhecia a importância musical apenas por clipes na MTV, verbetes e matérias em sites, com alguns registros ao vivo vistos, pude comprovar o porque de ela ser ainda relevante e poderosa, mesmo passados 26 anos de sua fundação.
Mas antes de falar do show em si, gostaria de já deixar aqui registrado meus parabéns e obrigado ao pessoal do Leave Me Out (banda uberlandense que fez a abertura), a jornalista Adreana Oliveira e a galera do Open House Rock Bar, por terem tido a coragem e ousadia de trazer um nome tão lendário para a cidade, mesmo com o cenário não sendo dos mais favoráveis. A atitude de vocês merece ser aplaudida de pé!
Voltando ao assunto do post de hoje, quando Mark Arm, Steve Turner, Dan Peters e Guy Maddison subiram no pequeno e baixo palco da boite Lounge, a sensação foi a de que pelo menos por algumas horas estaria vivendo como se estivesse na cidade mãe do movimento que sacudiu a história da música.
O som parecia que não ia ajudar quando abriram com “Slipping Away”, já que a voz de Mark ira inaudível, mas o problema foi logo resolvido e o barco seguiu seu rumo; o primeiro momento pedrada viria na canção seguinte, com o hino “I Like It Small”, de refrão poderoso pra ser cantado em coro.
Para minha alegria (e a de muitos fãs), minha favorita veio cedo, logo na quarta música do set: “Such You Dry”! Que música meus amigos! Som poderoso, com guitarra suja no talo de Steve, batera porrada de Dan e o baixo mais que grudento de Maddison.
Só isso já teria mais do que compensado a ida ao evento, mas, mais adiante quando mandaram a dobradinha “Judgement, Rage, Retribution and Thyme” e “Touch Me I’m Sick”, foi uma energia tão descomunal, onde era impossível não manter a animação num nível elevado.
Confesso que dei uma certa “boiada” na sequencia por uma questão de não estar (ainda) familiarizado com as canções, mas o jeitão meio Iggy Pop de Arm nas canções em que não tocou guitarra, segurou a barra legal.
No bis, a emblemática “Here Comes Sickness” e “Int Out Grace” foram os grandes destaques. Quanto à falta de certas canções no repertório, senti a falta de “Let It Slide” e “Blinding Sun”.
Ao fim a sensação que ficou neste humilde blogueiro que vos escreve, foi a de que a afirmação que ouvia tanto na faculdade de que “menos é mais”, às vezes pode ser na verdade muito mais!