Tributo em ritmo de videoclipe

O Último Dragão

Dentre todas as homenagens prestadas ao grande mestre Bruce Lee, uma das que mais chama a atenção pela sua criatividade e história inusitada é um dos grandes clássicos da Sessão da Tarde, hoje um clássico cult dos anos 80: O Último Dragão

É curioso notar como o filme conseguiu com o tempo passar da barreira de “pérola trash” para um curioso caso de análise de observação como o retrato de uma época através de dois elementos que permeiam sua história: kung-fu e videoclipe.

Nos anos 80 é bem notório que milhares de moleques mundo afora se matricularam em academias para aprender kung fu quando os clássicos de Lee chegaram às locadoras e tiveram um alcance e influência global tão grande quanto na época em que foram exibidos nos cinemas.

Junte a esse fato, a MTV, que dava seus primeiros passos, mudando o hábito de se consumir música, onde o visual contava com elemento essencial caso algum artista quisesse bombar nas paradas de sucesso.

Partindo desse principio, e meio que uma fórmula perfeita para agradar a molecada norte-americana (e de quebra as do resto do globo terrestre), Berry Gordy, o lendário presidente da histórica gravadora Motown, resolveu lançar a obra do post de hoje.

A interessante trama traz “Bruce” Leroy (Taimak) um jovem aspirante a mestre de kung-fu, apaixonado pelos filmes de Bruce Lee, que está na dúvida se está no caminho certo para se tornar um mestre. Em meio a sua jornada, se cruza a da bela DJ/VJ da boite “Sétimo Paraíso”, Laura Charles (Vanity), que é alvo de um ganancioso gangster e produtor musical de quinta.

E a partir desse cenário surge um vilão em comum e grande desafio a ser vencido por Leroy: o icônico xogum do Harlem, “Quem é o mestre? Quem é o mestre?”, Sho’nuff (Julius Carry)!

Quem é o mestre?

Quem é o mestre?

O grande trunfo aqui fica por conta da quebra de paradigmas, que remete aos que Lee também teve de quebrar ao ter como protagonistas um elenco de atores negros, que tem total domínio de cena e papeis relevantes, a começar por Leroy, um jovem que assim como seu ídolo tem sua habilidade e hábitos questionados pela sua aparência, tendo de se esforçar para superar tais duvidas.

A direção de Michael Schultz consegue extrair boas atuações do elenco coadjuvante também, como no caso da segura, determinada e sexy Laura, o irmão mala do mocinho, o clássico Sho’nuff, e os alunos da academia.

E as cenas de luta e ação são bem feitas, com direito a diálogos típicos de filmes de artes marciais, golpes certeiros e momentos de magia e exagero.

De negativo ficam apenas alguns erros de continuação e a irritante cópia “made in Paraguai” de Cindy Lauper na figura de Faith Prince (Angela Viracco), namorada do chefe da máfia que atormenta os protagonistas.

Hoje, passados incríveis vinte e nove anos de seu lançamento, a impressão que O Último Dragão passa é que, além de um divertido e cômico tributo a Bruce Lee, é também a documentação viva de uma época onde as pessoas tinham a mente mais aberta para enredos inusitados e se permitia divertir mais.

Tomara que esse bons ventos possam voltar um dia!

Ficha Técnica

Direção: Michael Shultz
Roteiro:
Louis Venosta
Produção:
Berry Gordy
Elenco:
Taimak, Vanity, Julius Carry, Christopher Murney, Angela Viracco
Gênero:
Ação/Comédia
Ano:
1985
Duração:
109 minutos

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