Reggae no terreiro do samba

Pôster do show do Wailers em Uberlândia

Parecia inacreditável aquilo o que os meus olhos acabavam de ver por acaso em uma publicação no Facebook: o Wailers, lendária banda que gravou os discos antológicos e hits fantásticos do mito Bob Marley, viria a Uberlândia para um show! E se surreal aqui foi pouco, o lugar do evento era mais ainda: Terreirão do Samba, onde a tradicional escola de samba uberlandense Tabajara realiza os seus ensaios.

Como na terra do pagode um evento desse calibre é uma oportunidade única, nem foi preciso pensar muito na decisão de ir:  tratei de chamar meu grande brother, e fã do mestre Marley, Nominato, e logo no início da noite do último sábado (1/2) partimos pra aquele que prometia ser um momento musical mais do que especial.

O show estava marcado para às 21h, só que o cronograma divulgado pela organização havia sido alterado e, uma hora antes, aconteceu o batuque da bateria da Tabajara que, com todo respeito, foi a maior barulheira infernal e desenfreada já ouvida em minha vida! Músicas sem sentido em forma de samba (sobrou até pra Xuxa!), entoadas por um vocal desafinado amparado por backing vocals que atrapalharam mais ainda!

Toda essa presepada começou a ser amenizada com a discotecagem da dupla Sound Sisters, que mandaram bem com um set de reggae e rap utilizando as velhas e sempre boas bolachonas de vinil, misturado a alguns momentos de improvisos vocais com versos de protesto.

Por mais que o som estivesse legal, o atraso que chegou a 3 horas e 10 minutos, já começava a irritar parte da plateia e todos ansiavam pela presença dos Wailers no palco, o que só foi acontecer às 00h e 10 min.

Good Vibrations! (foto de Moviola- Mídia Livre).

Good Vibrations! (foto de Moviola- Mídia Livre).

E mesmo que a lendária banda jamaicana conte apenas com o baixista Aston “The Family Man” Barrett da formação original, os músicos mandam muitíssimo bem, e a sonoridade ouvida ali ao vivo em muito se assemelhava com a dos discos.

Quanto ao repertório, escolha melhor não poderia haver: em comemoração aos 30 anos de lançamento da coletânea Legend, o disco mais vendido da história do reggae com mais de 26 milhões de cópias, a obra foi tocada na íntegra!

Portanto não houve falta deste ou daquele clássico, já que todos seriam tocados, mas queria deixar aqui registrado de um forma mais sucinta e um tanto quanto pessoal, aqueles momentos que fizeram daquela já madrugada de domingo, um momento mágico.

E seriam eles:

– “Could Be Loved”: o primeiro momento “tira o pé do chão” do show, e que fez todos se agitarem na frente do palco, na arquibancada e até no fundão do terreirão!

– “Three Little Birds”: clássico imortal da história música universal, foi cantada a plenos pulmões, e trouxe toda aquela energia positiva que somente os grandes hinos conseguem transmitir.

– “Get Up, Stand Up”: punho direito fechado e braço erguido no momento da execução de uma das canções de consciência política e social mais memoráveis do gênero.

– “Stir It Up” e “One Love”: o que dizer de ouvir e ver o Wailers tocando ao vivo e a cores minha canção favorita, em empate técnico com “Redemption Song”, juntamente com uma das baladas mais lindas desse mundo? Emoção a mil!

– “Redempetion Song”: apenas uma guitarra com timbre acústico, uma bela letra, melodia e pronto, já temos a prova perfeita de que certas canções são um verdadeiro presente divino!

Os únicos poréns que ficaram foram as três canções complementares do set que deram uma distraída geral no público e alguns momentos em que a guitarra ficou inaudível.

Ao fim das duas horas e dez minutos de espetáculo, ficou a sensação de que ao menos em alguns momentos, por mais breves que sejam, a música tem o poder de fazer as pessoas liberarem boas energias e mostrarem seu lado mais humano, alegre e gentil, dando um sinal bonito de esperança num mundo tão doente e carente.

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