É curioso notar que por mais diferente que sejam os estilos e as trajetórias de Sylvester Stallone e Robert De Niro, ambos possuem pontos em comum que criam uma espécie de “laço” entre eles: estouraram na década de 70, fizeram filmes clássicos com a figura do pugilista como protagonista, ganharam estatuetas do Oscar por eles e são conhecidos por não terem medo de ousar na escolha de seus papeis.
Depois de dezessete anos do encontro das lendas no policial Cop Land, cujo resultado final chamou a atenção pela ótima interpretação dramática de Sly, finalmente eles dividem a tela por um tempo maior.
Para quebrar esse “jejum” nada melhor que um filme que pegue um embate de Rocky Balboa X Jake LaMotta num estilo descontraído, nostálgico e divertido, ingredientes que ditam o ritmo de Ajuste de Contas.
Aqui nada dos nomes consagrados, Stallone é Henry “Sharp” Razor e De Niro é Billy “The Kid” McDonnen, dois ex-lutadores que viveram seus auges nos anos 80 e que se enfrentaram apenas duas vezes, com uma vitória pra cada lado, já que quando iria acontecer a terceira luta Razor anunciou sua repentina aposentadoria.
Logo no início as referências ao garanhão italiano e ao touro do Bronx são claras, com o uso das imagens dos filmes para recriar os lutadores na época em que estavam em atividade, em contraste com a imagem de dois velhos que vivem suas vidas de maneiras opostas, com certas dificuldades com as “novidades tecnológicas”.
O diretor Peter Seagal conseguiu fazer aqui um ótimo trabalho ao reunir duas figuras tão emblemáticas numa maneira bem divertida e sem pretensões sérias demais, que deram um ritmo bacana na história.
Com uma fotografia bem feita, ótima trilha sonora e boa química dos protagonistas com o ótimo elenco de apoio, Ajuste de Contas agrada em cheio por ser uma comédia onde seus atores sabem rir de si mesmos, mas sem se parecerem ridículos, e por carregar um ar de “feel so good” que poucos filmes hoje em dia conseguem transmitir.
Muitos críticos reclamaram que os diálogos estão fracos, piegas e que tudo já foi mostrado antes, porém, se há furo no roteiro ele é mínimo, e de situações que pedem um elemento mais “água com açúcar”, como o romance do personagem de Sly e Kim Basinger, mas nada que vá colocar tudo por água abaixo.
E não se pode deixar de falar das tiradas épicas do filme, como a crítica ao MMA com a participação do lutador Chael Sonnen e uma reunião impensável no mundo do boxe de explodir a cabeça nas cenas pós-créditos.
Ah, antes que eu me esqueça, você nunca mais verá uma bala de jujuba e um balde de vinagre como antes!
FICHA TÉCNICA
Gênero: Comédia
Direção: Peter Segal
Roteiro: Doug Ellin, Rodney Rothman, Tim Kelleher
Produção: Bill Gerber, Chris Osbrink, Mark Steven Johnson, Michael Ewing, Ravi D. Mehta
Fotografia: Dean Semler
Duração: 113 min.
Ano: 2013
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estúdio: Gerber Pictures / Warner Bros. Pictures
Classificação: 12 anos