Um filme nacional que fugia dos mais que batidos clichês das comédias românticas, das misérias das favelas, da seca no nordeste, e que se aprofundava num drama de maneira honesta, com um certo “q” de cinema argentino.
Isso era o que via na prévia de Vazio Coração, na Casa da Cultura de Patrocínio em março do ano passado, quando trabalhava para um dos principais jornais impressos da cidade e fui convidado a ver 10 minutos da obra do estreante Alberto Araújo.
Na época tive a oportunidade de entrevistar a produtora executiva do filme, Débora Torres, e o diretor, e ambos falavam com bastante empolgação sobre a obra que havia sido filmada na cidade e também nas vizinhas Araxá, Uberlândia e em Brasília.
De lá pra cá, passou-se mais de um ano, até que após fecharem um contrato de distribuição, finalmente Alberto via seu filho ganhar vida nas salas de cinema Brasil afora.
A história foca na vida de Hugo Kari (Murilo Rosa), cantor sertanejo de enorme sucesso, que obteve tudo que quis na sua carreira, porém, falta algo em sua vida pessoal que ele persegue há anos: a reconciliação com seu pai, o embaixador Mário Menezes (Othon Bastos), que culpa seu filho pela morte de sua esposa Carolina (Patrícia Naves).
Para curar as feridas do passado o cantor convida seu pai para um fim de semana no Grande Hotel de Araxá, aonde em meio a cenários e paisagens deslumbrantes, vão por meios de diálogos aparando arestas e se reaproximando.
Embora seja um filme simples, o diretor marca um golaço ao escolher o imponente Grande Hotel, as cidades de Patrocínio, Uberlândia e Brasília, para comprovar que é possível compor belíssimos cenários fora do eixo Rio-São Paulo, as cidades mineiras aliás, ajudam a compor uma fotografia tão bem feita como há tempos não se via em produções tupiniquins.
Outro grande ponto a favor de Vazio Coração, é seu grandioso elenco, que além dos dois atores citados conta com Lima Duarte como o avô de Hugo Kari, Bete Mendes como sua avó, Oscar Magrini como seu empresário e Larissa Maciel no papel da esposa de Hugo.
Mesmo tendo todo este arsenal, a produção derrapa ao não explorar o potencial desse elenco de elite, principalmente Lima Duarte e Bete Mendes que mereciam muito mais tempo na tela.
Prejudica bastante também o filme sua trilha sonora, que como manda o atual sertanejo agrobrega, possui certas canções chinfrins de ritmo e melodias sofríveis, além do roteiro que possui certos furos e resoluções clichês, que atrapalham seu desenvolvimento; sem falar na atuação capenga de Murilo Rosa, onde nos momentos em que é mais exigido, mal consegue esboçar uma reação de emoção.
Isso sem contar no merchan forçado de uma grande empresa de ônibus, de um mega empresário da cidade banhada pelas cataratas do Rangel.
Certos críticos desceram a lenha na forma como Alberto Araújo utilizou certas técnicas de filmagem, mas, aonde alguns viram amadorismo, vi uma forma diferente com intuito de trazer algo novo e criativo para nossas produções.
No fim das contas, Vazio Coração é um filme muito bom, e que traz uma bonita mensagem de um amor de filho pra pai, que deveríamos não só compartilhar mais como colocá-lo em prática também!
Ficha Técnica
Gênero: Drama
Direção: Alberto Araújo
Roteiro: Alberto Araújo
Elenco: Bete Mendes, Larissa Maciel, Lima Duarte, Murilo Rosa, Oscar Magrini, Othon Bastos, Patrícia Naves
Produção: Débora Torres
Trilha Sonora: André Moraes
Duração: 90 min.
Ano: 2012
País: Brasil
Cor: Colorido
Distribuidora: Califórnia Filmes
Classificação: Livre