
“Todos tivemos a sorte de ser agraciados pela sua presença neste mundo. Ele não era apenas meu amigo Michael, mas sim o nosso amigo Michael.” Frank Cascio
Há exatos 55 anos atrás, na pequena cidade industrial de Gary no interior de Indiana, nascia aquele que viria mudar a história da música, dança, videoclipe, e até mesmo deste planeta: Michael Joseph Jackson, ou simplesmente, Michael Jackson.
De lá pra cá, muito se falou, escreveu e foi visto sobre o homem que desafiava a gravidade, andava na lua, fez zumbis serem styles dançando, fazia milhões ficarem esperando em casa a estreia de seus clipes (e mudou a história da MTV), arrastava milhares a seus shows, fazia e criava coreografias impressionantes, ditava moda, gravou discos fantásticos que vendiam como água e encantou gerações.
Material para se conhecer o rei do pop não faltam, inclusive aqui algumas de suas obras como Bad, Dangerous, Blood On The Dance Floor e a biografia brasileira do ídolo já ganharam análises; mas, quando se trata da história sobre a pessoa Michael Jackson, que carregava o árduo fardo de ser a maior estrela do showbusiness, poucos livros e relatos contam sobre sua intimidade com precisão.
Então, nada melhor do que alguém próximo a MJ para relatar em uma biografia a vida do astro, e melhor ainda, um amigo que sempre esteve ao seu lado durante 25 anos, e que teve o emprego dos sonhos de qualquer fã do cantor, o de ser assistente pessoal de Michael; com essas credenciais, Frank Cascio é um nome mais do que correto para contar essa história, como o fez em seu livro Meu Amigo Michael, lançado em 2011, mas somente no ano seguinte ganhou sua tradução aqui.
A história de amizade entre Frank e Michael começa em um dia frio de 84, na cidade de Nova Jersey, em um encontro no hotel Helmsley Palace; Frank mal sabia que o amigo de seu pai Dominic – gerente do hotel e amigo do cantor – era nada mais nada menos que o responsável pelo fenômeno Thriller, ali depois de conhecê-lo ele seria só o “Cabeça de Maçã”.
Com uma relação sincera e fraterna entre MJ e a família Cascio, as visitas do rei do pop ao longo dos anos 80 eram frequentes e inesperadas na casa deles, já que ele surgia sempre no meio da madrugada sem avisos; com o tempo Frank foi percebendo o grande nome que seu novo amigo era, e nesse período ele e seus irmãos tinham certos mimos como ouvir em primeira mão as músicas que viriam a fazer parte de Bad e posteriormente Dangerous.
Em 93, quando surgiram as primeiras acusações de pedofilia, a família ítalo-americana foi de extrema importância para que a estrela não entrasse em colapso e prosseguisse com a parte final da Dangerous Tour. Já em 99, Frank aceitou o convinte para ser assistente pessoal de Michael, tendo logo de cara a tarefa de ajudar na organização dos dois concertos beneficentes MJ & Friends, realizados em Seul e Munique, mudando inclusive seu nome pra Frank Tyson.
O livro apresenta um texto muito bem escrito, dinâmico e sedutor, daqueles de se ler em poucos dias, com muitos detalhes curiosos e com algumas fotografias até então inéditas. Frank conseguiu aliar bem mostrando a imagem do homem incrível que Michael Jackson era, mas sem ser chapa branca, mostrando também seus defeitos e erros.
No quesito de assuntos delicados, Frank analisa e nos mostra categoricamente como MJ era 100% inocente das acusações de pedofilia, tanto no caso Jordan Chandler quanto no de Gavin Arvizo em 2003, e como elas afetaram sua personalidade, transformando-o em uma pessoa que custava a confiar nas pessoas, tinha uma paranoia com todos ao seu redor e que possuía certas dificuldades em ouvir recusas e críticas.
Frank ousa também ao mostrar fatos até então inéditos, como o de ele e Michael após uma visita a Barry Gibb, dos Bee Gees, quando ouviram do cantor que as melhores canções do grupo foram feitas sob efeito da maconha, resolveram experimentá-la e tornariam a usá-la pela segunda e última vez em 2003 após as acusações de Gavin.
A sempre questionada vida amorosa do ídolo também é abordada e com fatos interessantes como a de que ele namorou algumas fãs, inclusive tendo um caso com uma delas, citada como Emily, chegando a morar em Neverland por um ano. O casamento com a filha do rei do rock Elvis Presley, Lisa Marie Presley, talvez levante alguns pontos de discordância, principalmente o fato de que ele teria acontecido por imposição do príncipe árabe Al- Walled Bin Talal (fato do qual discordo por vários pontos, mas eu divago…).
Já no lado musical é impressionante notar onde o rei do pop conseguia ver possibilidades de fazer novos sons, como num saco com caquinhos de vidros dentro sendo jogados de um lado pro outro, encontrava inspiração nos dinossauros de Jurassic Park para parte de suas coreografias, e tinha uma influência enorme do mestre Bruce Lee, Michael era apaixonado por seus filmes e seu estilo de luta, Charles Chaplin, tendo inclusive conhecido a família Chaplin, Walt Disney, James Brown e demais figuras.
Outro fato que chama a atenção era a inteligência e bagagem cultural descomunal de MJ, que conseguia extrair o máximo de sabedoria através da leitura de inúmeros livros, quadrinhos, filmes, games e de fatos corriqueiros. Há de se ressaltar também o lado brincalhão de Michael, que juntamente com Frank pregavam peças impagáveis!
Bom, acho melhor ir encerrando o post por aqui antes que isso se torne na maior zona de spoilers por metro quadrado de que se tenha notícia; sejam para os fãs, admiradores de Michael Jackson, música pop, biografias, ou apenas um mero curioso, este livro é uma recomendação máxima! Poucas vezes tivemos (e teremos) uma figura tão icônica e lendária, como o pequeno menino de Gary, que com seu talento e genialidade nos deixou um legado incrível que perdurará para todo o sempre.