Retornando aos bons tempos

Círculo-de-Fogo-Cartaz

Atire o seu boneco do Jaspion, Changeman, Jiraiya, Jiban, Winspector ou Power Rangers, aquele que não teve momentos de alegria e euforia em sua infância nos anos 80/90 graças aos tokusatsus exibidos na saudosa TV Manchete e posteriormente na Globo.

A produção podia até ser precária, com fantasias tosquíssimas, histórias sem pé nem cabeça, clichês manjadíssimos, mas, era o maior barato ver aqueles tiros de raio laser, ouvir aquelas músicas japonesas empolgantes da abertura, em sua maioria bem rock n’ roll, e os tão esperados embates entre os heróis e os vilões, que eram, na maioria dos casos, robôs gigantes X monstros.

Como a gurizada brasileira, os mexicanos também embarcaram nessa onda, graças a uma programação de TV idêntica, principalmente em série; e um desses fãs do gênero para nossa sorte e alegria foi o grande cineasta Guillermo Del Toro, que neste mês nos brinda com aquele que é um dos melhores filmes desta década, e até o momento, o melhor filme do ano: Círculo de Fogo.

Se você estava com saudade de sentir toda essa emoção e sentir aquele delicioso sentimento de nostalgia, a mais recente obra de Del Toro é um prato cheio: há monstros gigantes, robôs idem, lutas no Japão e todo aquele tom de heroísmo tokusatsu está presente.

Círculo-de-Fogo cena 2

Na trama, no planeta Terra do ano de 2020, os Kaijus, monstros alienígenas gigantescos, ameaçam a sobrevivência dos humanos, invadindo nosso mundo através de uma fenda no Oceano Pacífico, que serve como uma espécie de portal para eles.

Para lidar com esse perigo iminente líderes políticos de vários países decidem colocar suas diferenças de lado e criam os Jaegers, robôs gigantes controlados por dois pilotos com pensamento ou estilo compatível para comandaram as máquinas através de uma neuroconexão. Porém, após um terrível incidente que culmina na morte de um piloto, o projeto fica com seus dias contados, restando ir para sua última base militar em Hong Kong, e agora só resta aos soldados tentarem reverter a temível situação antes que seja tarde demais.

No que se diz respeito a espetáculo visual, o filme é deslumbrante: efeitos especiais fantásticos, fotografia incrível, direção de arte primorosa e robôs com design incríveis e personalizados de acordo com suas nacionalidades: o russo tem seu estilo mais rústico, o australiano dá ênfase nas formas modernas, o japonês com seu samurai high tech e o americano com seu arsenal de fogo.

E se nas séries que serviram de referência para a trama a história faltava, aqui não há esse problema, pois ela é bem construída, tem coerência e não deixa muito furos, sendo aquilo que faltava nas nossas saudosas séries para elas serem perfeitas.

Os únicos deslizes ficam por conta do mais que irritante clichê do “amor está no ar”, a desacelerada que a ação dá quando fica na fase de início de treinamentos em Hong Kong e a ausência de uma trilha mais empolgante e impactante.

Ao fim da exibição fica um sentimento na cabeça que o pessoal do Omelete frisou bem na análise de suas primeiras impressões do filme: “se você tivesse 12 anos de idade este seria o filme da sua vida!” Mas como já somos mais “macacos velhos”, percebemos que isto não é possível. Mas, só de despertar a criança no interior de cada um de nós, numa espécie de retorno aos bons tempos, Círculo de Fogo já merece um lugar especial em nossas mentes e corações.

FICHA TÉCNICA

Gênero: Ação

Direção: Guillermo del Toro

Roteiro: Travis Beacham

Elenco: Alan Tang, Brad William Henke, Burn Gorman, Charlie Day, Charlie Hunnam, Clifton Collins Jr., David Richmond-Peck, Derek Herd, Diego Klattenhoff, Emerson Wong, Heather Doerksen, Idris Elba, Jake Goodman, Joe Pingue, Justin Major, Larry Joe Campbell, Mark Baldessara, Max Martini, Milton Barnes, Phi Huynh, Rinko Kikuchi, Robert Kazinsky, Robert Maillet, Ron Perlman, Tyler Stevenson, William S. Wong

Produção: Jon Jashni, Mary Parent, Thomas Tull

Fotografia: Guillermo Navarro

Montador: John Gilroy, Peter Amundson

Trilha Sonora: Ramin Djawadi

Duração: 132 min.

Ano: 2013

País: Estados Unidos

Cor: Colorido

Distribuidora: Warner Bros

Estúdio: Legendary Pictures

Classificação: 12 anos

Um comentário em “Retornando aos bons tempos

  1. Bom review, Lucas!
    A única coisa da qual eu ainda discordo é você ter considerado o romance (não tão romance assim) entre a Mori e o Raleigh muito clichezão e forçado etc. Eu achei bem plausível esse clima entre os dois, tendo em vista o que eles tiveram que passar juntos e o fato de eles terem até trocado memórias! Aliás, o máximo que rolou entre os dois foi um abraço no final, e nada mais. Eu sou como você também e detesto esses clichês meio meu-amor-do-outro-lado-da-rua, mas nesse caso foi até considerável.
    No mais, gostei da sua análise, simples e direta.

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