Ele finalmente veio falar UAI

Paul em BH

A campanha e esforços para trazer o beatle, lenda e gênio sir Paul McCartney à capital da terra do pão de queijo já acontecia fazia um tempinho: nos tempos do finado Orkut, quando quatro garotas de BH criaram a comunidade “Paul vem falar UAI”, que começou a ganhar notoriedade, a ponto de ganhar um perfil próprio.

Com as últimas vindas do astro ao Brasil (2010, 2011, 2012) e graças a força e popularidade do Facebook, o tão sonhado desejo de ver Macca se tornou realidade: no dia 4 de maio, ele começaria no Mineirão uma nova turnê mundial, a Out There, que traria novidades na produção e no set list do show. Festa e êxtase total para os beatlemaníacos!

No dia 1º abril, começa a batalha pela busca de ingressos e, graças a ajuda de meus amigos Pablo e André, consigo meu lugar na arquibancada, na superior roxa, e quando recebo o e-mail de confirmação da compra do bilhete dourado, minha emoção foi a mesma que a nação verde amarela teve quando Baggio perdeu aquele pênalti na final da copa de 94.

Finalmente, depois de dias de espera, chega o tão sonhado 4 de maio, e minha jornada já começa logo de madrugada quando chego a Patos de Minas e às 5 da manhã me junto a mais 24 pessoas rumo ao gigante da Pampulha. Quando chegamos em BH já era fim da manhã, 11h, hora de comer um lanche e se preparar para ir pra fila de retirada de ingressos. Por mais que a fila tenha andado bem, a organização falhou em não abrir todas as bilheterias disponíveis do estádio, o que agilizaria muito mais o processo e nos pouparia do processo de torração, sob um sol de rachar mamona à simples 32º.

Ingresso na mão, e ainda são 13h, o que fazer até às 17h30, hora em que os portões iriam ser abertos? Andar, andar e andar em torno do local, apreciar a paisagem da Pampulha, jogar conversa fora e fazer uma lanche. Eu e André aproveitamos que o relógio estava a nosso favor e fomos na lanchonete do palhaço vermelho, pedimos o campeão de vendas e, com isso, as energias estão renovadas. Ao voltarmos para a porta do CEU onde nossos amigos Flavin, Nathália e Pablo estavam esperando e descansando, Natália e André têm uma excelente ideia: Paul chegaria no Mineirão às 16h para a passagem de som e como o movimento perto da entrada da comitiva do cantor estava até o momento era tranquilo, por que não ir lá na esperança de receber um singelo tchauzinho da lenda?!

Meus caros amigos e beatlesmaníacos lembram-se daquelas cenas de histeria de “A Hard Day’s Night” que traduziam bem o fenômeno Beatles? Com gritaria, delírio, emoção a flor da pele e alegria máxima? Pois é, naquele breve momento senti tudo isso e muito mais na pele e no coração, num momento em que eu, meus amigos e a multidão ali jamais iremos esquecer!

Chegando lá ficamos do lado direito da entrada e quando dá as quatro da tarde, fãs começam se aproximar, começa a movimentação da imprensa e a escolta da PM começa a soar a sirene, e com ela em uma espécie de Blazer preta, passa na nossa frente, e por meros segundos, o eterno beatle, gênio, sir Paul McCartney, numa atitude de simpatia, dá um aceno para meus amigos e para este que vos escreve.

Depois da epifania, hora de formar a fila e começar uma nova espera pro espetáculo; ali conheço a simpática família Tardeli de Pouso Alegre, trocamos ideias, expectativas e risadas até os portões se abrirem. Quando dá 18h e 20 min finalmente conseguimos entrar no Gov. Magalhães Pinto, e agora eram só mais três horas de espera.

Lá dentro a adrenalina começa a subir, após já estarmos a postos em nossos lugares, e para amenizar a espera começa a tocar o som ambiente, e num ato de trollagem o “querido” dj vai e me manda uma versão do clássico “My Sweet Lord”, de George Harrison, nas vozes de Chitãozinho e Xororó! PQP! Assim como todos fiquei p da vida, e mandei junto com o coral de vozes uma sonora vaia e o espertão, querendo tirar uma onda, fez o favor de aumentar o volume, tome vaia de novo, até tirar a música; como piadista esse profissional é um ótimo aspirante a figurante da Praça é Nossa.

Faltando mais ou menos uma hora, um outro DJ, aparece no palco e manda remixagens de clássicos dos fab four, que em alguns momentos levanta o público, mas o que queremos ali é o original. Quando o homem das pick ups sai do palco é 20:54, e logo na sequência é projetado no telão um vídeo com a retrospectiva da carreira de McCartney.


Paul em BH 2

Por mais bem feito e bonito que fosse o trabalho de edição de imagens do clipe, poderia ser bem melhor se fosse mais ágil e não durasse demorados 30 minutos! Mas quando Paul aparece em cena, dane-se todos os percalços e cansaço que passei até ali, o showman é tão espetacular que não começa logo de cara o show, dá uma encarada na audiência e, surpresa: pela primeira em sua carreira toca ao vivo o mega clássico do quarteto de Liverpool, “Eight Days a Week”. Gol de placa no ângulo do mito, o show já começou a ser ganho ali!

Abrindo o show com classe!

Abrindo o show com classe!

Na segunda canção, “Junior’s Farm” dos Wings, confesso que dei uma boiada, pois não conhecia a canção, mas mesmo assim fiquei de queixo caído com os efeitos da iluminação, que era uma coisa de outro mundo, em termos de criatividade e inovação, só vi algo assim no dvd do show Pulse do Pink Floyd, e olha que isso foi em 94.

A terceira música do set list é mais um balaço dos Beatles: “All My Loving”! Uau, é só o início do show, mas todo mundo já ta pirando ali! Após a execução da canção, Paul começa a interagir com os 52 mil presentes, e num mineirês manda: “Finalmente Paul veio falar UAI!” Paaaaaaaaaaaaaaaaallllllllmmmmaaassss e mais gritos hiiiissssttéeeericos, com direito a choro de emoção!

Em “Listen to What the Man Said”, “Let me roll it”, mais uma boiada de minha parte, mas nada que me desanimasse. De repente Macca aparece com uma guitarra, e diz: “Essa guitarra eu usei na gravação original da próxima canção”. O clássico em questão? “Paperback Writer”! Após esse balaço, momento de suavizar a apresentação e adocicar os corações apaixonados com “My Valentine” dedicada a sua atual esposa Nancy Shevell, com direito a Johnny Depp e Natalie Portman no telão.

Após a ótima “Nineteen Hundred and Eighty-Five”, vem mais uma joia da época de John, George e Ringo: “The Long and Winding Road”! E já na nona música, a primeira e bela recordação dos tempos de relacionamento com Linda, e uma das melhores de sua carreira solo: “Maybe I’m Amazed”! Será que agora é a hora em que saio e pago de novo o ingresso?!

De repente a primeira mega surpresa e um momento de extrema alegria pra mim, Paul surpreende a todos ao tocar uma de suas melhores canções e clássico dos anos 90: “Hope Of Deliverance”, do excelente disco “Off The Ground”, que havia sido executada pela última vez em um show em 1993. Mal tenho tempo de recuperar o fôlego, e lá vem “We Can’t Workit Out” pra fazer a gente ficar um pouco mais louco!

Beatlemaníacos fazendo grande festa no gigante da Pampulha.

Beatlemaníacos fazendo grande festa no gigante da Pampulha.

E as gratas surpresas não param, agora é a vez de tirar aquele ás da manga e mandar, nada mais nada menos que “Another Day”, que havia sido executada pela última vez pelos Wings em 76! Putz, que moral nós estávamos tendo ali!

Mais uma pausa para interação com a plateia, e dessa vez ele manda aquela que achei a melhor frase de efeito e que nos arrebatou de vez: “Eta trem bão, sô”! Yeeeeeeessssssss! Para coroar o momento “And I Love Her”.

Uma das novidades do palco dessa nova turnê é colocada à prova, com uma parte em que eleva o músico a alguns metros de altura, onde no suporte um telão exibe a imagem de uma flor se desabrochando culminando com o voo de um pássaro, tudo isso embalado com Paul na voz e violão com “Blackbird”. Agora, é hora de homenagear o amigo de longa data, e John ganha sua homenagem com “Here Today”, onde belas imagens do globo terrestre e da lua são projetadas no telão do “palco elevador”.

Momento de forte emoção com "Blackbird".

Momento de forte emoção com “Blackbird”.

De volta ao chão, é hora de fazer a multidão literalmente tirar o pé do chão com a trinca: “Your mother should know”, “Lady Madonna” e “All together now”, e se nelas já era possível ver rodas de dança, o momento se estendeu com a empolgante e alto astral “Mrs. Vandebilt”!

Uma das que mais estava ansioso em ouvir, e que na minha humilde opinião é uma das mais belas canções dos Beatles, ganha seu momento no espetáculo: “Eleanor Rigby”! Experiência ímpar ouvi-la ao vivo!

Quando “Being for the Benefit of Mr. Kite!”é tocada aproveito para sentar na cadeira e descansar um pouco, mas o descanso é breve, pois logo vem a também linda homenagem ao ídolo e herói musical George com a sempre bela e emocionante “Something”, logo após momento de se divertir com “O bla di O bla da”.

Em “Band On The Run”, o primeiro susto da noite, o sistema de som falha e ficamos num silêncio por alguns minutos, depois tudo volta ao normal, mas, a falha persiste! Por sorte não dura muito tempo e não estraga este grande momento.

“Hi,Hi,Hi” vem como mais um momento para descansar as pernas, mas logo tenho de me levantar novamente pois o impulso de “Back In The USSR” me faz levantar e ficar cantarolando o backing vocal automaticamente.

O encerramento da primeira parte do show se aproxima, com a sempre lindíssima “Let it Be” onde além do impressionante coral de vozes, após todas as luzes serem apagadas os fãs acendem seus celulares e flashs das câmeras, dando uma impressão de um céu estrelado ao redor do palco. Após essa inesquecível cena, é a vez do Mineirão vir abaixo com o meeeeeeggggaaaa clássico, e melhor canção tema do 007: “Live and Let Die”! e de todas as apresentações que já vi dela, em termos de execução e produção, esta foi disparada a mais antológica de todas!

Agora é a hora de nós darmos o show e retribuir o carinho e espetáculo de sir Paul McCartney, na inesquecível “Hey Jude” toda a pista premium e comum, levantam cartazes de “Thank You” e nas arquibancadas, balões coloridos são jogados no ar! Registro pra ficar na memória sempre.

Hey Jude

No primeiro bis, Paul chama ao palco as garotas que organizaram a campanha que foi responsável pela sua vinda à BH, e duas delas ganham um autógrafo em seus corpos, para uma consequente tatuagem, enquanto as outras ganharam em suas camisetas. Para essa parte foi reservado três grandes hits : “Day Tripper”, ”Lovely Rita” e “Get Back”.

Depois de uma breve saída o terceiro e último ato, agora com a canção mais regravada da história e hino imortal, que todos estavam ansiosissímos para ouvir: “Yesterday”. Quando a emoção começou a tomar conta dos nossos corações, porrada: “Helter Skelter”! Oh fucking yeah! Nessa horas é que a gente vê e sente o poder do sempre poderoso rock n’ roll!

Para encerrar com um ultra, mega, hiper power chave de ouro, nada melhor do que a trinca que encerra o clássico “Abbey Road” de 69: “Golden Slumbers/ Carry That Way /In The End” Com certeza os versos “In the end, the love you take is equal the love you make” servirá como uma grande lição para alma de cada um ali.

Ao finzinho do show, Paul nos deixa uma mensagem de esperança: “Até uma próxima vez!” Agora só nos resta a espera para um novo encontro com o ídolo, e curtir a maravilha que foi esse momento épico do rock n’ roll no último sábado em Belô. Êta trem bão, sô!

The End.

The End.

5 comentários em “Ele finalmente veio falar UAI

  1. Sem palavras Lucão! Só quem tava lá pra entender o clima de ver um show de tamanha envergadura. O texto foi perfeito e aproximou muito a experiência desse pobre mortal que não foi no show. =)

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