Dentre as várias indicações de filmes que recebo de amigos e conhecidos, um que sempre se destacou e com elogios unânimes, foi o drama Na Natureza Selvagem; toda vez que ouvia as indicações dele, as pessoas falavam com uma admiração imensa pela sua história, a mensagem que ele passa e como transformou sua maneira de ver o mundo.
Além destes ótimos antecedentes, pesava a favor do film, o fato de ser dirigido pelo astro Sean Penn, ator que sempre fez diversificados e ousados papeis ao longo de sua filmografia, e que caiu como uma luva para este projeto.
Baseado no livro homônimo, de Jon Krakauer, o drama mostra a viajem em busca do autoconhecimento e da liberdade absoluta de Chris McCandless, jovem recém formado, de família de classe média alta, mas que está cansado de viver de ilusões, hipocrisias, mentiras e se enganando. Então, resolve seguir um novo rumo: doa toda sua economia (U$ 24.000) para a caridade, queima todos seus documentos de identificação, adota o nome Alexander Supertramp e traça uma ousada meta: ir para o longínquo Alasca.
Sem um tostão no bolso, ele foi cruzando a costa oeste dos Estados Unidos, onde ao longo de sua jornada, trabalhou nos mais diferentes lugares, foi conhecendo os mais variados tipos de pessoas e formas de viver, o que foi contribuindo para seu novo modo de vida e para seu conhecimento, assim como seu jeito ia transformando quem estava ao seu redor.
Como todo grande road movie que se preze, Penn consegue mesclar belas paisagens em momentos minimalistas, incluindo alguns em que o ator Emile Hirsh está frente a frente com a câmera, intercalados com diálogos afiados (cheio de referências e metáforas) e cenas de certo suspense, drama e aventura.
Dos vários elogios que a crítica e os fãs do filme fizeram, três são realmente notórios e dignos de serem ressaltados por sua perfeição: a grandiosa fotografia de Eric Gautier, o excelente trabalho de atuação de Hirsh e aquele que pra mim é o mais fantástico, a maravilhosa trilha de Eddie Vedder (a voz do Pearl Jam), que com uma interpretação vocal e lírica riquíssimas, contribuiu para que a história atingisse um patamar de extrema excelência.
Um fator que me surpreendeu, foi o de como Sean operou um verdadeiro milagre, ao conseguir que a frígida e péssima atriz Kristen Stewart (a “querida e maravilhosa” diva da geração Crepúsculo), conseguisse fazer uma boa interpretação com mais de uma expressão facial e passando certa emoção.
O fim gera uma boa reflexão e mostra o outro lado da moeda da eterna busca que temos pela liberdade a qualquer preço, onde como já dizia os versos de Vedder: “And you think you have to want more than you need. Until you have it all you won’t be free”: “E você acha que você tem que querer mais do que precisa. Até que você tenha tudo o que quer você não estará livre.”
FICHA TÉCNICA
Diretor: Sean Penn
Elenco: Emile Hirsch, Marcia Gay Harden, William Hurt, Jena Malone, Brian Dierker, Catherine Keener, Vince Vaughn, Kristen Stewart, Hal Holbrook, Dan Burch, Joe Dustin
Produção: Art Linson, Sean Penn, William Pohlad
Roteiro: Jon Krakauer, Sean Penn
Fotografia: Eric Gautier
Trilha Sonora: Michael Brook, Kaki King, Eddie Vedder
Duração: 140 min.
Ano: 2007
País: EUA
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Estúdio: Art Linson Productions
Classificação: 12 anos
A frase que ele escreve no final vai ficar no coração de todos que assistiram. Filmaço! E trilha sonora impecável! Ouço até hoje, e acho difícil o Eddie superar esse disco na carreira solo dele.