Fazer a introdução do post de hoje, não foi uma tarefa das mais fáceis, pois quem frequenta este blog e chegou a ler boa parte dos textos que escrevo sobre música, já deve ter percebido que um primo que considero como irmão, teve um papel importantíssimo na minha formação musical. Ainda me lembro bem de quando começamos a trocar ideias e nosso elo de ligação era nosso grande ídolo Michael Jackson, e todas as dúvidas que eu tinha sobre o rei do pop lá estava Jean Jones para tirá-las, e se hoje sou grande fã do astro, devo muito a seu incentivo, que aliás, foi muito além da fronteira do pop, quando comecei a passar as férias em sua casa, nos meus 16 anos, Jean tinha a maior paciência do mundo em não só mostrar grandes nomes do rock nacional e internacional, mas também, das jóias da dance music dos anos 80 e 90, e além de contar a história de cada um deles, comentava comigo a discografia desses artistas de forma minuciosa, e até hoje me apresenta dicas fodásticas de artistas novos, clipes e dvd´s musicais, vivemos filosofando sobre os tempos áureos da MTV Brasil, cinema, cultura pop e manifestações culturais que fazem esse planeta girar.
Eis que numa troca de e-mails, meu grande guru musical me surpreende com uma proposta irrecusável: fazer uma participação especial no blog comentando uma importantíssima obra do U2: Acthung Baby. Nem pensei meia vez em topar a participação e, ao receber seu e-mail com seu texto, me emocionei com seu relato de um fã que tem uma belíssima relação de admiração e amor à música; posso ser suspeitíssimo para falar da qualidade do texto e de seu autor, mas para o leitor que lê esse post, ter uma noção do que a amizade com esse cara representa pra mim, é a mesma coisa que Quincy Jones representou para Michael Jackson!
Sem mais delongas, confira abaixo o parecer de Jean Jones sobre um dos maiores marcos, da maior banda de rock em atividade no mundo:
Não estou aqui pra dizer o por quê do nome. Até porque se já soube um dia, já esqueci.
No geral as pessoas são apegadas ao nome das coisas. O nome é secundário, o que importa é a coisa. Vi pela primeira vez o Achtung Baby em 91, quando um amigo veio dos EUA e o trouxe em sua mala. Eu estava com 14 anos. Foi a passeio para Disney e fazer compras. Naquela mesma visita a este amigo estava vendo pela primeira vez um videogame da segunda geração (um nintendinho oito bits original americano que a fita entra tipo vídeo-cassete) e uma guitarra. Então não dei moral para nome do disco, quanto mais para o disco: nem quis ouvir. E olha que era talvez a primeira vez que estava vendo cd na vida. Estava maravilhado com a guitarra e a inovação pós Atari que estava à minha frente.
Enfim, anos mais tarde descobri que aquele disco simplesmente tinha vindo ao mundo para revolucionar não só a história do rock, mas também da música. Inovou não só pela sonoridade, mas principalmente pela coragem de inovar. Resumindo, até porque tento não “encher linguiça”, o U2 vinha de um disco do qual não estavam satisfeitos com o resultado final que era o Rattle And Hum, que não tinha muita personalidade, nem atitude e não emplacou como o anterior (o fodástico Joshua Tree).

Gravação em Berlim, pós queda do muro, foi um fator chave para a sonoridade experimental presente no disco. Na foto a banda fazendo uma das primeiras imagens de divulgação de Achtung Baby: Adam Clayton, The Edge, Bono Vox e Larry Mullen Jr.
Então, pelo que sei, o U2 prometeu que se o próximo disco não agradasse a eles mesmos, eles se separariam. E fizeram o que alguns artistas têm coragem de fazer em alguns momentos mágicos: um disco mega experimental feito pensando no que queriam expressar e não “jogando pra torcida”. Resultado: gravaram na Europa um disco que seria uma marco em sua carreira e na carreira de todo fã da boa música. A partir dali alcançaram o status de uma mega banda emplacando também uma turnê inesquecível: a Zoo Tv (lançada em DVD e imperdível). Quanto a esta turnê, eu sempre digo: Se você assistir Zoo Tv e não gostar, desista de gostar do U2 pois sua parada é outra, com todo respeito às outras paradas.
Não vou comentar faixa a faixa pois não é meu estilo. Vou comentar o conjunto da obra, ressaltando algumas faixas. One, Zoo Station, Even Better Than The Real Thing, Misterious Ways, Until The End Of This World, Love Is Blindness, são músicas que destaco para quem vai conhecer o disco. Acredito que One é o grande marco musical de carreira do U2 pois impressiona logo nos primeiros acordes pela densidade musical e atmosfera impactante.
Termino este texto pedindo ao U2: Por favor, para o nosso bem, se esqueçam sempre dos fãs quando forem criar um novo disco! Mesmo que haja o risco de desagradar a gente!
Por Jean Jones
Uma pessoa que respira música.