Surfando Karmas & DNA na Ilha de Patrocínio

Pouca Vogal porporciona espetáculo memorável em Patrocínio-MG.

Quem é fã de carteirinha do rock nacional, sabe muito bem que o gênero não está em seus tempos de glória, que está cada vez mais difícil surgirem novas e bacanas bandas no cenário e que grandes nomes consagrados, em sua maioria, não estão na atividade, ou infelizmente já partiram dessa pra melhor; mas ainda há aqueles que estão aí na luta, e salvam a pátria.

Pode-se se dizer, sem sombra de dúvida alguma, que um dos poucos nomes que ainda faz bonito, é o duo Pouca Vogal, formado pelo genial engenheiro hawaiiano Humberto Gessinger e o grande guitarrista e cidadão Duca Leindecker.

Morar em uma cidade do interior meio longe demais das capitais, como Patrocínio-MG, tem lá suas vantagens, mas que se colocadas na balança com as desvantagens, como por exemplo a dificuldade de receber shows de qualidade, dá vontade de chorar! Mas, minha intenção aqui não é a de fazer o post de hoje um Muro das Lamentações, afinal a proposta do blog não é essa.

Uma notícia dada por uma amiga, no início do mês passado, iria fazer este humilde blogueiro, se surpreender e ter uma nova esperança com sua cidade: O Pouca Vogal viria a Patrocínio-MG, para a realização de  um show no Enxó Clube.

A empolgação foi tão grande que, assim que a venda de ingressos foi liberada, corri como o Papa Léguas para a rádio que ajudou na divulgação do evento e adquiri o ingresso nº 1! Os dias foram passando, as expectativas e empolgação aumentando e, finalmente, o dia 17 chegou!

Bastou às luzes se apagarem e Humberto Gessinger, acompanhado de Duca Leindecker, subirem ao palco abrindo o show com a música “Depois da Curva” para que o numeroso público que lotou o Enxó na madrugada de sábado de 17 de março, fosse ao êxtase, cantando em um coro de uma só voz a primeira canção de trabalho da menor banda de rock gaúcho. Isso era só o começo do grandioso espetáculo que estava por vir do Pouca Vogal. Sem perder o pique, “Até O Fim” é mandada na sequência, incendiando mais ainda o show, e este era só o primeiro hit do Engenheiros do Hawaii. Dali pra frente o que viria era um momento de encher os olhos, que elevaria os fãs a uma outra dimensão, numa noite inesquecível.

Em noite inspiradora, Duca faz grande perfomance na guitarra.

A faixa-etária e tipos de fãs, admiradores ou curiosos que foram ao Enxó, era bem variada: indo de velhos fãs de fé a marinheiros de primeira viagem. Mas, um elemento que chamou bastante a atenção e foi curioso, era a grande quantidade de fãs que se deslocaram de outras cidades como: Uberlândia, Patos de Minas, Uberaba, Guimarânia, Coromandel e até de Franca-SP e Florianópolis! Estas pessoas fizeram um grande esforço para estar ali presentes e pode-se ter certeza que o esforço não foi em vão.

Gessinger tocando o clássico "Pra Ser Sincero" na sanfona.

Falar de um momento especial daquelas 1h35min de show é difícil, pois houve momentos marcantes com canções da Cidadão Quem com “Girassóis”, “O Amanhã Colorido”, “Pinhal” e  “A Força do Silêncio”, do Engenheiros do Hawaii houve comoção geral com “Pose”, “3X4”, “Infinita Highway”, “Refrão de Bolero”, já do Pouca Vogal canções como “Breve”, “Pra Quem Gosta De Nós” e “Vôo Do besouro”, também tiveram grande brilho.

Há três momentos que chamaram bastante atenção: o primeiro foi no pout-porri de “Toda Forma De Poder/Banco/Dom Quixote e (I Can´t Get No) Satisfaction dos sempre grandiosos Rolling Stones” que, literalmente, fez a plateia tirar os pés do chão; a sempre magnífica “Piano Bar” foi emocionante, com direito a uma bacana homenagem ao eterno poeta e gênio Renato Russo nos versos “No táxi que me trousse até aqui, Renato Russo me dava razão.” E por fim, no hino “Terra de Gigantes”, Humberto Gessinger interagiu bem com os patrocinenses e estreitou seus laços com a cidade naquela madrugada, com a alteração dos versos  “Mas agora lá fora, Patrocínio é uma ilha..” e “Pois agora lá fora, Patrocínio ainda é uma ilha…”.

Na execução da vigésima e última canção do show, Duca Leindecker e Humberto Gessinger saúdam o público e a cidade, e os versos que são cantados pelo Pouca Vogal, de até breve, representaram bem a sensação final após o espetáculo, de que ali não era um adeus da dupla, mas sim um até breve, com a esperança de um futuro show por aqui novamente.

Um comentário em “Surfando Karmas & DNA na Ilha de Patrocínio

  1. Pouca vogal é a certeza de que é possível, apesar dos pesares, produzir shows de qualidade em um Brasil cheio de modinhas efêmeras, grosseiras e cafonas.
    Parabéns pelo post e parabéns novamente por participar do café filosófico da teoria Gessingeriana e a filosofia instrumentista da fundação Leindecker.

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