Um dos pesares que tive no ano de 2011, foi o de não poder conferir um dos lançamentos mais bacanas do cinema nacional na telona: O Homem Do Futuro. Minhas expectativas para ele eram as melhores possíveis, pois ele me vendia a ideia de ser uma história legal, tem um dos melhores atores do nosso País (Wagner Moura), traz uma trilha sensacional e um panorama bacana dos anos 90 no Brasil; e elas aumentaram ainda mais quando meu amigo Rogério, me deu seu parecer sobre ele e disse que eu iria gostar mesmo da obra.
Passado alguns meses, o filme é lançado em DVD e Blu-Ray, não perco tempo e já alugo uma cópia, para matar a curiosidade. Não levei uma decepção sequer – o que ocorre em muitos casos quando vamos com muita sede ao pote, e na maioria das vezes nos estrepamos.
A trama se baseia na história de vida do cientista Zero (Wagner Moura), que se pudesse ter um pedido atendido na vida, seria o de apagar de vez de sua memória o fatídico 22 de novembro de 1991. Nesta época ele era um jovem gago, nerd, e sem muito sucesso com as mulheres; mas eis que Helena (Alline Moraes) a mais bela mulher da faculdade, inexplicavelmente fica afim de se apaixonar por um cara de mais conteúdo, e larga seu namorado playboy Ricardo (Gabriel Braga Nunes) para ficar com Zero. Só que o que poderia sugerir um romance legal, se torna a maior humilhação de Zero, no baile de fim de ano da faculdade em 1991.
Vinte anos após o incidente, Zero trabalha na busca de uma nova forma de energia, num projeto financiado pela sua amiga Sandra (Maria Luiza Mendonça), que acaba criando uma máquina do tempo, que num de seus experimentos, ajudado pelo seu fiel escudeiro João (Fernando Ceylão), acaba sendo jogado para o pior dia da sua vida. Agora ele terá a chance de mudar o seu destino, mas assim com já vimos na série clássica de Marty McFly, toda ação feita no passado traz alterações bruscas no futuro. E para Zero não era bem o que ele planejava.
Muitas das críticas negativas do filme ficaram naquele argumento de: “Ah, mas é muito chupado do De Volta Para O Futuro, o cinema nacional está começando a ficar americano demais!” Não concordo, primeiro porque hora nenhuma a película de Cláudio Torres esconde suas influências pelo eterno clássico de Robert Zemeckis, e segundo que se vamos tirar aquela imagem de que filme brasileiro é só palavrão, favelas, pobreza,etc; temos que tomar como referência, o que já deu certo no cinema, e em cima disso criar produções que mudem para melhor as produções nacionais, portanto, não vejo isso como cópia barata do Tio Sam.
Há pontos falhos no filmes, como o velho problema de som, que hora está num volume audível e outro momento está quase no mudo, muito baixo mesmo, quase precisando colocar legendas, e a atuação de Gabriel Braga Nunes, que é um ótimo ator, poderia ser melhor e mais bem explorada.
Os trunfos do filme ficam por conta do divertido panorama do Brasil da Era Collor, que Torres conseguiu montar muito bem, ao mostrar a moda da época, os carros, a economia vigente de 1991, os celulares “tijolão”, e a trilha sonora que possui um repertório impecável: Legião Urbana, Ultraje a Rigor, INXS, R.E.M e Radiohead; a atuação de Wagner Moura, como de costume, é um show a parte, ele fazendo no meio da trama as três versões de seu personagem com personalidades diferentes, é uma aula de interpretação, Alline Moraes consegue fazer bem o papel da jovem sexy e segura de si, os efeitos mostram uma evolução no nosso cinema, e que estamos no caminho certo para aprimorar essa técnica.
Definitivamente, O Homem Do futuro, não só é uma das comédias nacionais mais bacanas do ano passado, mas também uma produção que deve ser vista e reconhecida por mais e mais brasileiros.
FICHA TÉCNICA
Diretor: Cláudio Torres
Elenco: Wagner Moura, Alinne Moraes, Fernando Ceylão, Maria Luiza Mendonça, Gabriel Braga Nunes
Produção: Cláudio Torres, Tatiana Quintella
Roteiro: Cláudio Torres
Fotografia: Ricardo Della Rosa
Trilha Sonora: Luca Raele, Maurício Tagliari
Duração: 106 min.
Ano: 2011
País: Brasil
Gênero: Comédia
Cor: Colorido
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: Conspiração Filmes / Globo Filmes
Classificação: 10 anos
Muito bom Avila! Muito bem elaborado o seu ponto de vista. Parabéns!!!
” e a atuação de Gabriel Braga Nunes, que é um ótimo ator, poderia ser melhor e mais bem explorada.”
Pensei bem isso quando vi o filme. Achei meio toscão demais a atuação dele no filme. No mais é um bom filme, apesar da eterna dificuldade de fazer 100% compatível uma história sobre viagem no tempo (que é meu tema favorito em filmes). Wagner Moura atuando muito bem como louco desiludido, como jovem bobão e como viajante perdido no espaço tempo.