Em Busca Do Tesouro Perdido

Capa da primeira edição da Set, em junho de 1987, com o ator Mickey Rourke.

Em um e-mail recebido em 2007, de meu primo-irmão e guru musical-cinematográfico Jean Jones, ele usou uma afirmação para definir a importância de se entender grandes manifestações artísticas: “Uma das melhores formas de entender a sociedade em que vivemos é explorar suas manifestações artísticas. Essas manifestações expressam o que vai ao coração do povo de um país. É como achar um mapa detalhado do território em que pisamos.” Pegarei essa afirmação de Jean emprestada, para definir a importância que o cinema tem não só em minha vida, mas também para o mundo.

Não é preciso ter mais de 30 anos para ter vivido numa era pré-internet, onde para se saber informações, curiosidades e adquirir conhecimento sobre um determinado assunto, era necessário correr atrás delas, como um pirata faz com um tesouro perdido. E para os cinéfilos, a melhor forma de estar por dentro do que rolava no mundo da sétima arte, sem sombra de dúvidas, era a saudosa revista SET.

Ainda me lembro muito bem, de quando tinha oito anos e tive meu primeiro contato com a SET; a partir daquele momento minha relação com o cinema ficaria mais próxima e meus conhecimentos sobre o mesmo seriam enriquecidos.

Sua primeira edição foi publicada em 1987, estampando o ator Mickey Rourke na capa. A idéia de sua criação teve origem em pautas de cinema feitas para a (também já extinta) revista musical Bizz, e partindo disso Alex Antunes (editor) e Marcel Plasse participaram da criação editorial e Michel Spitale foi o primeiro editor de arte.

Capa da edição de fevereiro de 1988.

Capa da edição de maio de 1989.

Capa com o clássico Batman em 1989.

Nos anos 90, o jornalista Roberto Sadovski passou a ser o editor da SET, e ao lado de Rodrigo Salem, Ricardo Matsumoto e de uma competente equipe, fizeram dela uma referência em cinema no Brasil.

Ela era divida em seções; me lembro da Takes, onde se noticiava as últimas novidades de Hollywood, e para os cinéfilos da velha guarda, nesta seção havia a coluna de Dulce Damasceno de Brito, chamada Hollywood Boulevard; já as seções Cinema, DVD e Vídeo eram um ótimo jeito de ficar por dentro dos grandes lançamentos cinematográficos, onde os de destaque ganhavam o selo de SET Recomenda, os VHS (posteriormente DVD`S e Blu-Rays) eram avaliados em estrelas que iam de um a cinco, a partir de 2001 passaram a ser utilizadas notas de 1 a 10. Outra coisa que chamava atenção na publicação eram as respostas das cartas (e mais tarde e-mails) dos leitores, que eram sempre feitas com um humor  divertido, por um “misterioso funcionário”, que mais tarde seria revelado por Sadovski, que ele fazia esse papel, revezando com Salem e Matsumoto.

Uma de minhas favoritas era feita por Marcelo Duarte, a Quizz Show, que testava o conhecimento cinematográfico do leitor, e que muitas vezes me mostrava que precisava estudar mais sobre o assunto (e continuo fazendo isso até hoje). Outro elemento que chamava bastante atenção eram as capas muito bem feitas e os pôsteres que eram dados de brindes (até pouco tempo atrás possuía os de Noiva em Fuga e Fim dos Dias) que faziam a felicidade dos leitores/colecionadores; em 2001 ela começou a vender dvd´s de grandes clássicos da história do cinema, acompanhados de uma revista especial sobre o filme.

Capa da edição de maio de 1999.

Capa da edição de novembro de 1999.

Capa da edição de dezembro de 2001.

Capa do retorno da SET em 2009.

No ano de 2009, por causa de problemas financeiros da editora Peixes, SET teve seu cancelamento anunciado. Porém, ela conseguiu se manter através da equipe do caderno de cultura do Jornal do Brasil, o que levou a troca total da equipe da revista. Essa fase durou apenas três edições, e a revista foi vendida para a Editora Aver. Em sua nova editora ele teve mais cinco edições, sendo sua última em novembro de 2010.

2 comentários em “Em Busca Do Tesouro Perdido

  1. Uma grande perda para o cinéfilo brasileiro. Set mudou minha forma de ver filmes, de apreciar cinema. Como aprendi! E como essa revista faz falta! Vejo filmes incríveis sendo lançados sem termos um apoio reflexivo e promocional como o que a Set fazia. Fora que era o melhor lugar para se conseguir imagens dos filmes favoritos para as nossas agendas! Saudades!

    • E ai Mariana!
      Também sinto muito a falta da SET sob o ponto de vista desses aspectos que você muito bem abordou.
      Até hoje não me conformo um país de dimensão continental como o Brasil, não ter mais uma revista desse gabarito pra falar da sétima arte. 😦

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