
Lançado em 1986, segundo disco do RPM vendeu mais de 2,2 milhões de cópias em um ano, fazendo com que a banda se torna-se o maior fenômeno da música brasileira.
Uma multidão de pessoas esperando para ver seus ídolos de perto, esquema de segurança reforçado, apresentações constantes na tv, clipes com direito a estréia de gala, álbum de figurinhas, três shows em um só dia, shows lotados em ginásios e estádios de futebol, capas e mais capas de revistas, músicas tocando no rádio sem parar, venda de discos crescendo de uma forma descomunal, documentários tentando explicar a ascensão meteórica de um grupo de rock e fãs que gritam histericamente na porta do hotel sem cessar; parece um enredo de filme dos Beatles, não é mesmo? Parece, mas não é! Os fatos acima servem para dar um panorama, daquele que foi mais do que um mega sucesso do rock nacional; e sim o maior fenômeno da história da música brasileira, o segundo disco do RPM: Rádio Pirata ao vivo.
O status de rock stars, porém, não veio de uma forma tão fácil como aparenta ter sido, pois como já diziam os sábios australianos do AC/DC, há um longo caminho para se chegar ao topo se você quer fazer Rock N´ Roll!
A história começa na cidade de São Paulo, no fim da década de 70, mais precisamente no ano de 1976, quando Paulo Ricardo namorava Eloá , que era vizinha de frente do músico Luiz Schiavon, onde este ensaiava com sua banda May East. Um dia o jovem casal resolveu ir a um ensaio da banda de Schiavon, onde surgiu um impasse se o repertório do grupo deveria ser cantado em inglês ou português; Paulo Ricardo deu seu voto, opinando pelas letras em português e assim começou uma grande amizade com Luiz; a banda acabou naquele ensaio, porém ali começava a se formar o embrião daquele que viria a ser a maior banda de rock do país. Depois de muitas ideias trocadas, a dupla forma o Aura, uma banda de jazz-rock que ainda tinha Paulinho Valeza na bateria.Depois de três anos de muito ensaio e nenhum show, Paulo decide seguir carreira de crítico musical, profissão, a qual deu um forte embasamento cultural ao cantor suas letras de grande conteúdo, e se mudar para a Europa, morando primeiramente na França e depois na Inglaterra, onde se tornou correspondente musical da revista Somtrês e se correspondia com freqüência com Schiavon.
Em 1983, Paulo volta ao Brasil e retoma suas atividades musicais com Luiz e juntos, eles começam a criar suas primeiras canções: “Olhar43”, “A Cruz E A Espada”, “Louras Geladas” e a música que viria a ser o nome do grupo: “Revoluções Por Minuto”. Tiveram dificuldades em assinar com gravadoras, pois elas consideravam o som da dupla difícil de ser executado nas FM´s.
Para solucionar este problema, Schiavon convida o guitarrista Fernando Deluqui (ex Gang 90) para compor a banda, nesta mesma época o grupo ganhou seu nome, em uma lista de nomes sugeridos pelos amigos, o nome 45 RPM (45 rotações por minuto) foi indicado inicialmente, mas tiraram o 45 e mudaram o Rotações por Revoluções. A primeira dor de cabeça viria com quem assumiria as baquetas do grupo, no início das atividades do RPM, Moreno Júnior, que na época tinha apenas 15 anos, assumiu o posto, mas devido aos estudos foi impedido de fazer excursões com o grupo, sendo substituído pelo ex-Ira! e futuro membro dos Titãs, Charles Gavin. Em 1984, conseguem um contrato com a CBS (atual Sony Music), mas no meio disso entra o histórico convite de Branco Mello e Sérgio Britto à Gavin, para ele integrar os Titãs, que já estavam estourados de norte a sul com o sucesso Sonífera Ilha; o baterista topou. Para tapar esse buraco, o RPM usa a bateria eletrônica, em seu primeiro EP que no lado A vinha “Louras Geladas” e no lado B “Revoluções Por Minuto”. Só que a música não tocava de forma alguma nas rádios; para tentar reverter esse placar negativo a gravadora lança o primeiro remix da história da música brasileira; a versão dance de “Louras Geladas” vira um mega hit nas casa noturnas e garante a gravação do primeiro disco.

O RPM em seu auge: Paulo Ricardo baixo e vocal, Fernado Deluqui guitarra, Luiz Schiavon teclados e Paulo P.A Pagni bateria.
Convidado por Luiz, Paulo P.A Pagni (ex-Patife Band) assume a bateria do RPM, e ajuda o grupo a concluir o primeiro LP, que leva o nome da banda. Como entrou no meio da gravação, P.A não aparece na capa do disco, só aparece em uma pequena foto no encarte.
O disco chegou no mês de maio às lojas. “Olhar 43” emplaca nas rádios e abre caminho para que outras faixas, mais politizadas e conceituais, façam o mesmo sucesso. Na época as vendas passaram das 500 mil cópias. Depois de um histórico e empolgante show no Morro Da Urca, no Rio de Janeiro, para um público de 146 pessoas (composto por formadores de opinião), sendo que só 16 pagaram pra ver; a apresentação chamou a atenção do empresário musical Manoel Poladian, que resolve empresariar o grupo.
A primeira atitude de Poladian foi a de organizar um espetáculo, que viria a revolucionar os conceitos de turnê no Brasil, e chama o cantor, diretor de cena e iluminação, Ney Matogrosso para produzir a turnê Rádio Pirata ao vivo. Em um show no festival Planeta Atlântida,em Porto Alegre, uma versão pirata do cover de London London, chega a tocar nas FM´s de todo o país de forma espontânea, o que força o RPM a gravar um segundo disco, e…
Para contar melhor esse grande acontecimento musical, nada melhor que os próprios integrantes do grupo e o produtor do disco, Mazzola, que concederam uma entrevista no ótimo programa O Som Do Vinil, exibido pelo Canal Brasil, e que por coincidências do destino é apresentado por Charles Gavin.
Ps: Se você caro freqüentador ou visitante do blog, assistiu o vídeo até o fim, e ficou curioso com o disco de 1988, Quatro Coiotes, você pode conferir uma análise do mesmo aqui no blog.
Post perfeito Lucão! Cheio curiosidades interessantes e conteúdo relevante. Parabéns!!!
Muito boa a matéria, só uma resalva, o radio pirata ao vivo vendeu 2,7 milhoes de copias em 1986..nos dias de hoje acima dos 3 milhoes devido as remasterizações…abraços!!!