Quando o JJúnior e eu saímos para assistir ao Cisne Negro eu tinha inúmeras expectativas a respeito deste filme: primeiramente pelos comentários e críticas que já tinha visto a respeito do mesmo e depois pelo fato de que, por mais de dez anos, eu fui bailarina clássica, ou seja, por inúmeras vezes já havia assistido adaptações e mais adaptações de O Lago dos Cisnes.
Cisne Negro tem como personagem principal Nina (Natalie Portman), filha única que mora com a mãe (Barbara Hershey) super protetora e bailarina aposentada. Ela é daquele tipo que se dedica exclusivamente à filha, ajudando-a com as coisas do balé e até cortando suas unhas e na hora de se trocar. Para ela Nina é a ‘garota meiga’, delicada, pura, inocente, encantadora: a filha que ela não quer ver que cresceu. Em contrapartida, ao mesmo tempo essa pressiona Nina, que tem de conseguir os melhores resultados e atingir a perfeição e o destaque na companhia de balé.
A oportunidade de se destacar se apresenta: Beth (Winona Rider) que era a primeira bailarina da companhia se aposentou e Thomas Leroy (Vincent Cassel) está em busca de uma garota para encarnar o papel do cisne (dessa vez, uma só bailarina fará os dois). Nina é verdadeiramente a representação do Cisne Branco, mas o Cisne Negro (a írmã gêmea má) era forte, sedutora, sensual (o oposto de Nina) e se ela quisesse protagonizar este espetáculo teria que deixar-se levar não pela busca incansável pela perfeição e sim pelas sensações.
Por uma mordiscada do acaso Thomas dá o papel a Nina e a partir daí sua sanidade e limites físicos e psicológicos começam a transcender as barreiras da tela: pressionada por Thomas para encarnar o Cisne Negro, a super proteção (e cobrança) de sua mãe e a aparição de Mila Kunis: a bailarina substituta sedutora que se deixa levar pela música.
Sinestesia é a palavra para descrever as sensações que se tem no clímax do filme: o som das músicas (aliás, a trilha sonora do filme é fantástica!), as câmeras que giram no eixo contrário aos dos giros e movimentos dos bailarinos, luzes que acendem e apagam: é puro ecstasy!
Chega um ponto no filme que temos que fazer uma pausa mental: _Calma aí, isso é real? Ou é só a imaginação e os delírios de Nina? Até onde as pessoas podem ir na busca da perfeição? Essa perfeição é uma busca de Nina? Ou é uma maneira de não quebrar as expectativas que foram criadas ao redor dela mesma?
Cenas que vão da simplicidade à tensão. Do real ao imaginário. Do que você esperava ver ao que você não imaginava. Da repressão a ousadia. Do branco ao preto.
Acho válido destacar que o prêmio de Melhor Atriz que Natalie recebeu no Oscar deste é ano é mais que merecido. Sua atuação, ao contrário do que muitos acharam, pra mim foi espetacularmente real (talvez por eu ter vivido por anos neste mundo clássico). E por falar em realidade, esse é outro aspecto que torna o filme mais sedutor e até desconcertante. Li em um blog a seguinte frase: “… anote a vaga do estacionamento, é filme para esquecer onde ficou o carro” (aconteceu comigo e o JJúnior, rs!).
Só mais um detalhe, recomendo o filme demais, sem dúvidas, mas já digo: não é filme pra qualquer um não, ok!? Cisne Negro não é daqueles que se come pipoca do início ao fim rindo e conversando com a pessoa que está ao lado, pelo contrário, até se esquece o que estava fazendo com a pipoca na mão. Vá preparado, pois você vai assistir mais que uma releitura de O Lago dos Cisnes.
“O Clube da Luta feminino” (JJúnior)
Black Swan
EUA , 2010 – 108 min.
Suspense
Direção:
Darren Aronofsky
Roteiro:
Mark Heyman, Andres Heinz, John J. McLaughlin
Elenco:
Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel, Barbara Hershey, Winona Ryder, Benjamin Millepied, Ksenia
Gostei bastante do teu comentário…
O filme é tudo isso que tu falou e mais um pouco.
O trabalho técnico do filme é algo excelente, pra não dizer perfeito, né!
O elenco todo está muito bem, mas não gostei do Vincent Cassel, achei ele uma canastrice só.